Questionado sobre impeachment, Maia diz que prioridade no momento é crise do coronavírus

Parlamentares defenderam investigação de Bolsonaro depois que ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, acusou presidente de tentar interferir na Polícia Federal.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda-feira (27), ao ser questionado sobre os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, que a prioridade da Câmara neste momento é debater medidas para combater os efeitos da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo ele, processos de impeachment e abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) devem ser pensados “com muito cuidado”.

Diversos pedidos para afastar o presidente da República foram entregues e aguardam despacho do presidente da Câmara. Pela Constituição, cabe à Câmara autorizar o procedimento para verificar se houve crime de responsabilidade do presidente.

Alguns dos pedidos sustentam que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao interferir politicamente na Polícia Federal, denúncia que foi feita pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. Outros argumentam que ele atentou contra a saúde pública ao não respeitar medidas para evitar contágio pela covid-19 em meio à pandemia.

“Processos de impeachment e possibilidade de CPIs precisam ser pensadas e refletidas com muito cuidado. Acredito que o papel da Câmara dos Deputados nesse momento, nos próximos dias, é que a gente volte a debater, de forma específica, a questão do enfrentamento ao coronavírus”, afirmou Maia ao ser questionado pela imprensa.

O presidente da Câmara não fez comentário sobre nenhum pedido de impeachment específico.

Ele acrescentou apenas que o momento requer “paciência” e “equilíbrio” pois uma crise política poderá gerar ainda mais incertezas em meio à crise do coronavírus.

“Acho que o nosso papel é ter paciência, é ter equilíbrio. Acho que é legítimo a sociedade e parte dos parlamentares tentarem discutir CPIs e outros instrumentos, mas acho que a Câmara, sob a minha presidência, respeitando a posição de outros parlamentares, deve ter essa paciência e esse equilíbrio para que possamos tratar do que é mais importante, que é a vida dos brasileiros, o desemprego e a renda”, afirmou.

No último dia 23, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de dez dias para que o presidente da Câmara preste informações sobre um pedido de impeachment feito no fim de março por um grupo de advogados contra Jair Bolsonaro. Esse mesmo grupo de advogados recorreu ao STF para obrigar Maia a analisar o pedido.

Críticas moderadas

Nesta segunda, Maia baixou o tom das suas críticas ao governo e chegou a dizer que o projeto de auxílio financeiro aos estados e municípios – que levou ao acirramento das tensões com a equipe econômica – pode ser modificado pelo Senado sem problemas, desde que resolva o problema fiscal dos governadores e prefeitos.

Ele também defendeu a permanência de Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia. Disse que a eventual saída poderia “ser interpretada de forma negativa pela sociedade” e gerar mais insegurança.

“Tive conflitos com ele [Guedes] nas últimas semanas, mas ele tem credibilidade. Uma mudança agora pode ser interpretada de forma negativa com a sociedade. Ele tem tentado colaborar da forma que ele acredita. Por isso a gente muitas vezes diverge, mas é no campo das ideias, não pessoal”, disse Maia.

A escalada de ataques ao Maia nas redes sociais aumentou após o presidente Bolsonaro o acusar de conspirar para prejudicar o seu governo. O presidente da Câmara chegou a cancelar entrevistas e debates previamente agendados.

A mudança no discurso de Maia também acontece depois de o presidente da República ter recebido, na semana passada, o presidente nacional do DEM e correligionário de Maia, ACM Neto, como parte do movimento para se aproximar dos líderes das siglas do centro político.

A estratégia de Bolsonaro abrange outras legendas do chamado Centrão, como PP, PL e Republicanos – inclusive com a negociação de cargos.

Via G1 Política

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