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20 ANOS DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INÍGENA PANKARÁ

20 ANOS DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INÍGENA PANKARÁ

24/05/2024 às 19h56 Atualizada em 24/05/2024 às 22h56
Por: Redação
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

No dia 25 de maio de 2024, a partir das 9:00 horas, será realizado no Núcleo VI na Aldeia Riacho do Olho D'água -  Serra do Arapuá-Carnaubeira da Penha-PE, o 19º Movimento Cultural do Povo Pankará, com o tema: "20 Anos de Educação Escolar Indígena Pankará".

A programação iniciará com um ritual de abertura, puxado pelos pajés e anfitriões da festa (todo corpo escolar Pankará), em seguida a Coordenadora Geral da Educação Escolar Indígena Pankará, Noêmia Lopes, fará um pronunciamento que dará abertura ao movimento.

Neste mesmo dia, ocorrerá um bingo em prol da luta do Povo Pankará com a premiação de R$ 1000,00 reais, sendo totalmente computadorizado, o mesmo oportunizará a todos que comprarem as cartelas possam concorrer ao prêmio de maneira assíncrona, sem qualquer prejuízo. 

O evento será realizado pela Organização Interna de Educação Escolar Indígena Pankará (OIEEIP) e contará com a participação das lideranças locais, saúde indígena Pankará e a presença de outros povos originários. O evento será aberto ao público e contará com apresentações, exposições de artesanatos e comidas típicas. Terá barracas que remetem a história e cultura dos povos originários do Brasil, assim como, os povos Quilombolas que abitam a região da Serra do Arapuá, especialmente no Quilombo Tiririca dos Crioulos. Os habitantes desta região, identificam-se como “Quiloindios” (um quilombo de origens africanas dentro de um território indígena), uma mistura de quilombolas com indígenas.

 A Feira de Cultura, como é popularmente conhecida, teve sua primeira edição na Aldeia Enjeitado – Serra do Arapuá e, no ano de 2024, celebra os 20 anos do primeiro movimento. Somente em 2020 o evento não ocorreu, devido a Pandemia do COVID-19. Sempre no mês de maio, a OIEEIP organiza a Feira de Cultuara no intuito de expor para os presentes os avanços que a educação Pankará está tendo desde sua estadualização em 2004. 

Esse movimento cultural e político do povo Pankará tem como objetivo fortalecer as raízes dos povos originários existentes no território da Serra do Arapuá e Cacaria. Deste modo, unir forças para lutar pela Demarcação, objetivo maior deste povo. 

Nesse conseguinte, a Feira de Cultura possibilita espaço ao diálogo e interação com outras culturas. Onde exportas propostas de interversão junto ao Estado, para que possa haver melhorias coletivas com políticas públicas que tange os povos originários do Brasil

As escolas apresentam sua função social na contribuição do Projeto Societário do Povo e na formação de guerreiros, como também, o fortalecimento da cultura tradicional, sendo que neste evento serão expostos projetos didáticos desenvolvidos pelos docentes e discentes que contribuem para o fortalecimento do povo. Também serão apresentadas as práticas da medicina tradicional, artesanatos, comidas típicas com os derivados do milho, da mandioca e do catolé, frutas típicas do território e seus derivados. 

O Povo Indígena Pankará, tem uma história etnográfica marcada por conflitos culturais e busca por espaço entre os poceiros de terras e os indígenas da região. Os mesmos estão localizados em dois municípios, Carnaubeira da Penha - PE e Itacuruba – PE. 

Segundo o Senso Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, o Município de Carnaubeira da Penha – PE, possuia uma população esmagadora de pessoas que se auto declaram como indígenas, correspondendo a   85,84% dos habitantes do município (Censo 2022). 

Quatros famílias destacam-se como as principais no desenvolvimento social do povo: Rosa, Amanso e Cacheado na Serra do Arapuá e Limeira na Serra da Cacaria. Onde teve seu território oficialmente reconhecido pelo Estado, em maio de 2003 na cidade de Olinda – PE. 

Sua divisão política, em meados do fim de 2003, foi mediante uma assembleias que contava com os lideranças locais para debaterem o futuro organizacional do povo. De início, foi escolhido quatro pajés: Pedro Limeira (in memoriam), Pajé João Miguel, Manuel Cacheado e Pedro Leite (in memoriam). Uma cacique: Maria das Dores (Dorinha) e um liderança por aldeia. Divididos em 52 núcleos populacionais em 2004, denominados aldeias, contemplando as serras do Arapuá e Cacaria e seus arredores. 

Em 2004, houve a estadualização das escolas Pankará, que tirava do município o monopólio da educação básica das aldeias. Os lideranças enxergavam que a educação ficando a poder do munícipio, apenas premiaria as famílias dos antigos “colonizadores” que tempos atrás perseguiam os indígenas destas comunidades. Com essa medida, o estado de Pernambuco passou a ter jurisprudência de todas as escolas do território Pankará, de modo que os próprios moradores passaram a ocupar os cargos empregatícios correspondente as suas formações e características.

A partir da introdução da educação Pankará, feita pelos Pankarás, a região passou a obter diversos avanços socioeconômicos, aquecimento na criação de empregos e melhora na qualidade de vida dentro das aldeias. A educação Pankará contava com 23 escolas e três anexos educacionais no 2004. Mais de 20 anos depois, a educação Pankará conta com uma complexa rede de ensino, com aulas do ensino infantil ao ensino médio e normal médio, oferecendo o transporte escolar e desburocratizando o estudo a todos os moradores da região. 

A educação Pankará passou a ter reconhecimento em todos os campos. Todos os anos centenas de estudantes aldeados ingressam ao ensino superior saindo diretamente das escolas das aldeias.  Exemplo desse avanço, foi que em 2023, a Escola Estadual Bom Jesus dos Aflitos recebeu do governo do estado o prêmio por mérito de melhor escola indígena de Pernambuco no ano de 2022 nas disciplinas de Matemática e Português. 

Essa retrospectiva mostra que a educação Pankará sempre esteve e está em constante evolução. Onde se entende pela comunidade Pankará, que “à educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito e não pode ser de todo jeito”. 

Quando digo que avance? Avançaremos! 

Texto: Vinícios Souza

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