Ore, a asset do minério, vai explorar titânio e vanádio em Floresta, Pernambuco

Gestora comprou mina desativada desde o início da década de 2000 e que agora será operada pela Ativa Mineração

A Ore Investments, gestora brasileira que se especializou na compra de projetos de mineração que ainda precisam de mais estudos técnicos para validarem a viabilidade comercial, vai estrear na operação de minas de titânio e vanádio, a partir de uma jazida em Pernambuco que está desativada desde o começo dos anos 2000.

Localizada no município de Floresta, a mina fornecia matéria-prima para alto-forno da indústria siderúrgica, uma utilidade que perdeu relevância diante de mudanças tecnológicas e das oscilações de preços dos minérios. Agora, a Ore quer revitalizar a mina para outras finalidades, vendendo titânio para a indústria de pigmentos e vanádio para o uso em ligas metálicas e baterias estacionárias.

Para assumir a mina, a Ore criou a Ativa Mineração, a companhia que tocará o projeto. Dois dos sócios da gestora serão os responsáveis pelo projeto. Thiago Bonás, um geólogo que já trabalhou em vários projetos de mineração, foi indicado como CEO. Eduardo Cardoso, que já passou por Vale e Anglo America, é o CFO da Ativa.

Com recursos do fundo de US$ 60 milhões — veículo que tem a Spectra como investidor âncora — que levantou em 2020, a Ore comprou o controle da mina da ECL Global, uma trading do Rio Grande do Norte que passará a ser sócia minoritária da Ativa Mineração.

“A ECL Global Trading era dona do direito minerário, mas não operava o projeto. Nós vamos colocar a mina de pé”, disse Mauro Barros, sócio da Ore Investments.

A reativação da mina deve levar de dois a três anos. A expectativa é que a mina entre em “ponto de cruzeiro” entre o quarto e quinto ano de projeto, gerando uma receita anual da ordem de R$ 300 milhões, disse Bonás. “Acreditamos que essa mina deve ter uns dez anos de vida útil”, complementou.

Com a mina, a Ativa aposta no desequilíbrio da oferta global de concentrado de titânio (TIO2). “Há um descolamento muito grande entre oferta e demanda. A demanda é crescente, mas a oferta vem caindo”, disse Bonás. No mundo, a mineradora australiana Iluka Resources é referência na exploração de titânio.

Em Floresta, a Ativa fará a concentração dos minérios em uma planta anexa à mina. Na mina de ilmenita, o teor de titânio é de 14%. O processo de concentração trará a concentração para ao menos 40% — o titânio é vendido nesse teor, em grandes sacos e em pó. Já o ferro vanádio sai da mina com um teor de 0,3% a 0,5%, depois de passar pelo processos de concentração, será comercializado com um teor de 2% (V2O5).

Para a Ore, a compra da mina em Pernambuco é o quarto projeto de investimentos. Antes, a gestora já havia adquirido um projeto de cobre na região de Carajás, no Pará, um projeto de exploração de ouro em Minas Gerais, além de áreas leiloadas pela Agência Nacional de Mineração (AMN).

Ao todo, a gestora já aplicou 50% dos recursos do fundo. A ideia é concluir a alocação até o ano que vem, investindo em projetos de lítio, fosfato e mangânes também no Brasil.

Por Luiz Henrique Mendes — São Paulo – Revista Valor Econômico

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