Guerra entre a Rússia e a Ucrânia faz a gente pensar em ‘solidariedade seletiva’

O jornalista Jamil Chade escreveu nesta terça-feira (15) em sua coluna no UOL sobre como a guerra no leste europeu gerou uma onda de doações, em quantidade jamais antes vista, para garantir o resgate de milhões de ucranianos. Até aí isso é ótimo, mostra como o mundo tá se movendo pra ajudar o povo que precisa deixar a sua vida pra trás rumo a outro país.

Mas por que alguns refugiados parecem importar mais do que outros?

O número de refugiados da Ucrânia, apesar de altíssimo (3 milhões), ainda não superou os da Venezuela (4 milhões) e da Síria (6,7 milhões). Enquanto o mundo move montanhas pra ajudar os ucranianos, milhões de pessoas que também precisam de suporte estão sendo ignoradas pela comunidade internacional.

Em apenas 20 dias, a guerra na Ucrânia e as fotos nas manchetes de jornais pelo mundo permitiram que a ONU arrecadasse dez vezes mais que as doações em todo o ano de 2021 para algumas das crises mais graves na África, América Latina ou na Ásia“, escreveu Jamil.

Para 2022, a ONU prevê que vai precisar de US$ 41 bilhões para prestar socorro a 183 milhões de pessoas em 63 países. Mas, terminando o terceiro mês do ano, a entidade recebeu apenas 3,5% do valor necessário para atender às vítimas de guerras, pobreza e desastres ambientais. Enquanto isso, a ajuda arrecadada para a Ucrânia bateu 50% da meta em pouco menos de um mês de conflito.

Nem todo o sofrimento humano foi alvo de uma resposta internacional na proporção que ocorre hoje na Ucrânia: pessoas em El Salvador, Mali, Sudão, Quênia, Honduras, Moçambique, Líbano também atravessam crises humanitárias e estão longe de arrecadar o que precisam para garantir o mínimo de sobrevivência aos mais vulneráveis.

Essas crises, sussurram nos corredores da entidade, não estão nas manchetes do planeta.

Via Quebrando o Tabu

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