Fábrica fechada da Fugini não tinha controle de pragas nem monitoramento de ingredientes, diz Anvisa

Agência suspendeu, por tempo indeterminado, a comercialização e uso dos alimentos da marca que saem da fábrica em Monte Alto (SP)

Uma inspeção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) identificou que a fábrica na marca Fugini operava sem controle de pragas, vetores e temperatura. Devido a falhas na produção dos produtos, a reguladora suspendeu, por tempo indeterminado, a comercialização e uso dos alimentos da marca que saem da unidade em Monte Alto (SP).

Segundo a gerente de Inspeção e Fiscalização Sanitária de Alimentos da Anvisa, Renata Zago, a unidade fechada é de grandes proporções, e a equipe encontrou “várias irregularidades” na visita. A começar pelo controle de pragas e vetores, diz ela:


Por alto, podemos dizer que a empresa não apresentava as portas necessárias para garantir o controle de pragas e vetores. Faltava porta para separar a área da produção dos alimentos da área externa, por exemplo“, disse ao GLOBO.

Outra falha era a falta de controle de temperatura, necessário para evitar os riscos de contaminação por microrganismos e para manter a qualidade dos produtos:

Não havia esse controle para garantir que o processo seja seguro“, complementa Zago.

A fábrica também não apresentava rastreabilidade de matéria-prima, importante processo de acompanhamento dos ingredientes utilizados no alimento em todas as etapas da cadeia de abastecimento.

“[não havia] Rastreabilidade, uma coisa muito importante, em que a fabricante precisa saber de onde vem a matéria-prima e em quais produtos ela usa cada matéria-prima e para onde vai cada produto”, complementa.

Segundo a gerente, outros erros relacionados à higiene foram encontrados. Juntas, as irregularidades podem impactar na qualidade e segurança do produto final, alerta a Anvisa.

“A gente precisou pedir estudos, resultados de laudos e adequações para a empresa, e, enquanto tudo isso é feito, o que está lá dentro está parado. Ainda não há recomendação acerca do que está no mercado em relação a não usar, com exceção da maionese. Para esta, fizemos outra ação específica devido à matéria-prima vencida utilizada. Nesse caso, há necessidade de recolhimento”, esclarece Zago.

A ação específica citada pela gerente é referente a alguns lotes da maionese Fugini: os com vencimento em janeiro, fevereiro ou março de 2024, além de lotes que irão vencer em dezembro deste ano com numeração iniciada por 354. Os produtos devem ser recolhidos pela fabricante após constatação de uso de ingrediente vencido na fórmula.

Quem tem produtos da Fugini em casa, que não seja a maionese, não precisa jogar fora. Já o produto com matéria-prima fora de validade não deve ser consumido. O indicado, no segundo caso, é entrar em contato com a fabricante para o devido recolhimento.

“Estamos avaliando a situação e caso seja necessário, podemos demandar o recolhimento de outros produtos, mas ainda não há recomendações nesse sentido. Quem tem em casa, não precisa devolver, e o que está no mercado pode ser vendido“.

A Fugini tem até 120 dias para fazer todo o processo de recolhimento. Durante o período, a Anvisa continuará com o monitoramento do setor de atomatados junto aos órgãos de vigilância estaduais e municipais. O processo incluirá outras fábricas da empresa.

A empresa recebeu da reguladora um prazo de dez dias, a contar de 27 de março, para apresentar uma adequação ao procedimento de boas práticas. Isso inclui documentações, estruturas físicas e bons resultados. A partir disso, a Anvisa avalia as mudanças, podendo ou não realizar uma nova inspeção. A suspensão pode ser mantida ou revogada.

Via Folha de Pernambuco.

Artigos relacionados