TRT realiza audiência entre bancários e OAB

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) realiza, no início da tarde desta terça-feira, uma audiência entre representantes do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional de Pernambuco (OAB-PE) e da Caixa Econômica Federal (CEF). A reunião acontece na 11ª Vara do Trabalho, na Imbiribeira, e será presidida pela juíza Mariana de Carvalho Milet.

De acordo com a secretária de finanças e ex-presidente do sindicato, Jaqueline Mello, o objetivo do encontro é discutir a liminar conseguida pela OAB-PE, que determina que ao menos 30% das agências continuem abertas durante a greve da categoria e obriga as agências a permanecerem abertas por, no mínimo, duas horas diárias para atendimento à população. Caso a medida não seja atendida, a decisão prevê multa diária no valor de R$ 10 mil.

No final de outubro, a OAB entrou na justiça para pedir a prisão da presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Suzineide Rodrigues. A ação também solicita o aumento da multa diária de R$ 10 mil para R$ 100 mil. Anteriormente, a OAB-PE já havia conseguido uma liminar para garantir a abertura de 30% das agências durante a greve.

De acordo com o vice presidente da OAB-PE, Leonardo Accioly, o encontro é desdobramento da ação civil pública movida pela Ordem em função do descumprimento da decisão. Segundo ele, a juiza pediu a realização de diligências para averiguar a situação e ontem entendeu que deveria ser realizada uma audiência de conciliação para tentar chegar a um acordo para o impasse.

“A gente vai tentar chegar a um acordo. A OAB está aberta. Claro que a gente sabe da importância do direito de greve, mas não existe nenhum direito absoluto, ele não pode se sobrepor a qualquer direito também previsto na Constituição, sobretudo os que defendem a dignidade da pessoa humana, para atender minimanente a população. É dever da OAB primar pela aplicação da lei”, acrescentou.

Accioly adiantou que a OAB o contingente mínimo é necessário para o funcionamento das agências e para o pagamento de alvarás oficiais, que são valores pagos às partes e ao adogado das causas, que ficam à disposição da justiça,mas precisam ser retirados por meio de alvarás, principalmente na Caixa Econômica Federal (CEF). “As pessoas não estão conseguindo sacar os valores. A população, sobretudo a mais carente necessita desse dinheiro. Essa obrigação não vem sendo cumprida”, enfatizou.

Jaqueline adianta que a categoria, em greve nacional há 29 dias, decidiu que não irá pagar o alvará: “Foi feita uma assembleia e os bancários decidiram que não vão sair da greve para pagar alvará. O sindicato não tem gestão sobre isso. Estamos com mais de 30% dos funcionários trabalhando. A greve é legal”, acrescentou. No encontro, os bancários decidiram rejeitar a convocação por parte do sindicato, como requer a OAB, dos funcionários que estão em exercício legal e legítimo do direito à greve para realizar a quitação de alvarás. Quem vence uma ação na justiça precisa dos alvarás para ter acesso ao depósito judicial.

A greve nacional dos bancários completa 29 dias nesta terça-feira, sem previsão de nova reunião de negociação com os representantes dos bancos. É o maior período de paralisação desde 2004. A decisão de manter a mobilização foi tomada em assembleia realizada na noite de ontem em São Paulo. Em todo o país, são 13.245 agências e 29 centros administrativos paralisados por tempo indeterminado, o que corresponde 56% de adesão da categoria, segundo informações da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Reivindicações
Os trabalhadores dos bancos pedem reajuste salarial de 14,78%, dos quais 5% são de aumento real. A pauta inclui ainda participação nos lucros e resultados de três salários mais R$ 8.297,61; piso salarial de R$ 3.940,24; vales alimentação e refeição, e auxílio-creche/babá no valor do salário mínimo nacional (R$ 880).
Atualmente, os bancários têm um piso de R$ 1.976,10 (R$ 2.669,45 para os funcionários que trabalham no caixa ou tesouraria). Na última rodada de negociação, encerrada no dia 28 de setembro, os bancos fizeram uma proposta de novo modelo de acordo para a categoria, com validade de dois anos, em vez de um, como ocorreu nos últimos anos.
A última proposta apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) foi, segundo os bancários, no dia 28 de setembro, quando foi proposto reajuste de 7% e um abono de R$ 3,5 mil, com aumento real de 0,5% para 2017. A proposta patronal foi rejeitada pelo Comando Nacional dos Bancários.
Fonte: Diário de Pernambuco

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