Zoológico do Recife anuncia reestruturação e plano de transferir animais exóticos

Administração busca novos lares para bichos que não fazem parte da caatinga, mata atlântica e demais biomas do estado. Casal de ursos deve ir para outro estado.

O Zoológico do Recife, localizado dentro do Parque de Dois Irmãos, na Zona Oeste da cidade, anunciou um novo plano diretor que prevê mudanças e foco na preservação de animais originários dos biomas pernambucanos. Com a mudança, 135 animais exóticos podem deixar o local, segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

“Como espaço de conservação, [o zoológico] traz agora mais para perto da gente a realidade das espécimes que já estão aqui da nossa fauna natural, ou seja, na Caatinga e na Mata Atlântica”, explicou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, nesta quinta-feira (15).

O novo plano também prevê que haja um trabalho voltado à reprodução dos animais de biomas pernambucanos, focando no repovoamento de unidades de conservação do estado. De acordo com a Semas, responsável pela administração do zoológico, os animais que a serem transferidos são tratados caso a caso.

Primata no Zoológico do Recife, no Parque Dois Irmãos, na Zona Oeste da cidade — Foto: Danilo César/TV Globo
Primata no Zoológico do Recife, no Parque Dois Irmãos, na Zona Oeste da cidade — Foto: Danilo César/TV Globo

“Vamos fazer essa transferência de espécimes que a gente considera exóticas dentro de um plano individual para cada uma das que estão presentes”, afirmou o secretário.

Entre os animais que devem deixar o Recife estão o casal de ursos-pardos, que devem ser acolhidos pelo Rancho dos Gnomos, em São Paulo.

“O ambiente e o clima daqui não são propícios a eles [os ursos]. Qualquer um dos animais que serão transferidos, só serão transferidos para algum lugar que for identificado, em parceria, que seja um ambiente igual ou melhor do que a gente tem aqui”, garantiu o secretário.

Onça no Zoológico do Recife, localizado no Parque Dois Irmãos, na Zona Oeste da capital pernambucana — Foto: Reprodução/TV Globo
Onça no Zoológico do Recife, localizado no Parque Dois Irmãos, na Zona Oeste da capital pernambucana — Foto: Reprodução/TV Globo

Bertotti ressaltou que todos os animais que permanecem no zoológico, sejam espécies exóticas ou naturais, não têm condições de voltar à natureza e à vida selvagem.

Bertotti relembrou o caso do leão Leo, que nasceu dentro de um circo, foi resgatado e viveu no zoológico até falecer em janeiro deste ano.

“Infelizmente, ainda existem animais vítimas de tráfico e vítimas de maus tratos. Alguns deles não conseguem retornar à natureza. A gente faz um trabalho de retorno, mas esses animais que não podem voltar à natureza, eles vêm aqui para o zoológico e aí se faz um trabalho de educação ambiental, de pesquisa, de reprodução e, principalmente, de conservação da biodiversidade”, disse.

De acordo com secretário, Zoológico do Recife conta com cerca de 380 espécies de animais — Foto: Reprodução/TV Globo
De acordo com secretário, Zoológico do Recife conta com cerca de 380 espécies de animais — Foto: Reprodução/TV Globo

O Zoológico do Recife permanece fechado para visitação desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020. “A gente não pode receber visitantes agora porque a gente precisa proteger os animais e também os tratadores e a própria população”, disse o secretário.

O veterinário do zoológico Márcio Silva contou que algumas espécies, como os primatas, sentiram mais a falta de visitantes no local.

“A gente observou que houve uma mudança de comportamento de alguns animais, associado a falta de público. Eles eram habituados a ser visitação […] e isso para algumas espécies termina funcionando como uma forma deles terem observações a fazer, interações mesmo”, declarou o veterinário.

Vista aérea do Zoológico do Recife, localizado no Parque Dois Irmãos, na Zona Oeste da cidade — Foto: Reprodução/TV Globo
Vista aérea do Zoológico do Recife, localizado no Parque Dois Irmãos, na Zona Oeste da cidade — Foto: Reprodução/TV

Segundo o cuidador, é provável que o retorno das visitações, ainda sem data, aconteça de maneira gradativa, para acostumar novamente os animais com a presença de tantos seres humanos.

“A gente tem algumas técnicas que devemos utilizar. A primeira é tentar voltar de maneira gradativa. Então, quando o parque voltar provavelmente não vai ser com o mesmo funcionamento que era antes da pandemia”, afirmou.

Via G1 Pernambuco

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