Zoológico do Recife anuncia reestruturação e plano de transferir animais exóticos
Administração busca novos lares para bichos que não fazem parte da caatinga, mata atlântica e demais biomas do estado. Casal de ursos deve ir para outro estado.
O Zoológico do Recife, localizado dentro do Parque de Dois Irmãos, na Zona Oeste da cidade, anunciou um novo plano diretor que prevê mudanças e foco na preservação de animais originários dos biomas pernambucanos. Com a mudança, 135 animais exóticos podem deixar o local, segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
“Como espaço de conservação, [o zoológico] traz agora mais para perto da gente a realidade das espécimes que já estão aqui da nossa fauna natural, ou seja, na Caatinga e na Mata Atlântica”, explicou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, nesta quinta-feira (15).
O novo plano também prevê que haja um trabalho voltado à reprodução dos animais de biomas pernambucanos, focando no repovoamento de unidades de conservação do estado. De acordo com a Semas, responsável pela administração do zoológico, os animais que a serem transferidos são tratados caso a caso.
“Vamos fazer essa transferência de espécimes que a gente considera exóticas dentro de um plano individual para cada uma das que estão presentes”, afirmou o secretário.
Entre os animais que devem deixar o Recife estão o casal de ursos-pardos, que devem ser acolhidos pelo Rancho dos Gnomos, em São Paulo.
“O ambiente e o clima daqui não são propícios a eles [os ursos]. Qualquer um dos animais que serão transferidos, só serão transferidos para algum lugar que for identificado, em parceria, que seja um ambiente igual ou melhor do que a gente tem aqui”, garantiu o secretário.
Bertotti ressaltou que todos os animais que permanecem no zoológico, sejam espécies exóticas ou naturais, não têm condições de voltar à natureza e à vida selvagem.
Bertotti relembrou o caso do leão Leo, que nasceu dentro de um circo, foi resgatado e viveu no zoológico até falecer em janeiro deste ano.
“Infelizmente, ainda existem animais vítimas de tráfico e vítimas de maus tratos. Alguns deles não conseguem retornar à natureza. A gente faz um trabalho de retorno, mas esses animais que não podem voltar à natureza, eles vêm aqui para o zoológico e aí se faz um trabalho de educação ambiental, de pesquisa, de reprodução e, principalmente, de conservação da biodiversidade”, disse.
O Zoológico do Recife permanece fechado para visitação desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020. “A gente não pode receber visitantes agora porque a gente precisa proteger os animais e também os tratadores e a própria população”, disse o secretário.
O veterinário do zoológico Márcio Silva contou que algumas espécies, como os primatas, sentiram mais a falta de visitantes no local.
“A gente observou que houve uma mudança de comportamento de alguns animais, associado a falta de público. Eles eram habituados a ser visitação […] e isso para algumas espécies termina funcionando como uma forma deles terem observações a fazer, interações mesmo”, declarou o veterinário.
Segundo o cuidador, é provável que o retorno das visitações, ainda sem data, aconteça de maneira gradativa, para acostumar novamente os animais com a presença de tantos seres humanos.
“A gente tem algumas técnicas que devemos utilizar. A primeira é tentar voltar de maneira gradativa. Então, quando o parque voltar provavelmente não vai ser com o mesmo funcionamento que era antes da pandemia”, afirmou.
Via G1 Pernambuco