Repórter da Globo é ameaçado de morte após matéria sobre fuzilamento no RJ

O jornalista havia feito uma reportagem sobre um veículo que foi fuzilado com mais de 80 tiros por agentes do exército no Rio

O jornalista Carlos de Lannoy, da TV Globo, usou suas redes sociais para denunciar uma ameaça de morte que recebeu após fazer uma reportagem para o “Fantástico” sobre um veículo que foi fuzilado com mais de 80 tiros por agentes do exército no Rio de Janeiro, resultando na morte do motorista, o músico Evaldo Rosa dos Santos, 51 anos.

No Instagram de Lannoy, um internauta identificado como Erik Procópio escreveu: “Se você escolher falar merda e defender bandido é escolha sua. Seu merda! Se for errado paga com a vida! Mexeu com o exército, assinou sua sentença! Sua família vai pagar! Aguarde as cartas”.

Em seguida, o repórter respondeu o comentário do internauta. “Você vai responder por essa ameaça. O que você fez não é apenas uma afirmação vergonhosa, infeliz e lastimável, mas um crime previsto em lei. Aguarde!”, escreveu o jornalista.

Lannoy ainda usou o Twitter para se manifestar sobre a ameaça. “Minutos depois de fazer reportagem no ‘Show da Vida’ sobre mais uma morte em blitz do Exército recebi essa ameaça no meu Instagram. Não ficará assim”, tuítou ele.

Militares fuzilam carro no RJ

Na tarde do domingo (7), um carro no qual estava uma família, incluindo um menino de 7 anos, foi alvo de mais de 80 tiros disparados por militares no bairro de Guadalupe, Zona Norte do Rio de Janeiro. Na ocasião, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas.

A vítima fatal foi o músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos. Seu sogro ficou ferido, assim como um homem que se aproximou do veículo tentando ajudar. Já a mulher, a afilhada e o filho mais novo do músico nada sofreram fisicamente. A dor emocional, por outro lado, foi grande. “Ele só repete: ‘cadê meu pai?’ E eu não tenho resposta”, disse Daniel Rosa, de 29 anos, ao jornal O Globo. O entregador, que não estava no carro com a família, é filho mais velho de Evaldo, e referia-se ao estado do irmão de 7 anos após testemunhar a morte do pai.

“Eles (os militares) têm que ser presos. Como pode fazer uma coisa dessas? Meu pai era um cara do bem, nunca fez uma maldade contra ninguém. E morrer assim? Com o carro cheio de tiros. Essa gente não pode ter arma na mão. São despreparados”, afirmou Daniel ao jornal.
Investigação

O caso está sob investigação do Comando Militar do Leste (CML), que diz que está colhendo depoimentos dos militares envolvidos na ação e tenta localizar e ouvir testemunhas civis. O delegado da Delegacia de Homicídios (DH) da capital, que também apura a morte, afirmou, no domingo, em entrevista a TV Globo, que “tudo indica” que os agentes do Exército atiraram ao confundirem o carro com o de assaltantes.

“Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares”, explicou o delegado em entrevista à TV Globo.

Via Jornal do Commercio

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