Refém no ataque a bancos em Surubim afirma ter visto muita arma e dinheiro

Um dos reféns no ataque a quatro agências bancárias, na madrugada da última terça-feira (10), em Surubim, Agreste de Pernambuco, relatou nesta quarta (11) à Folha de Pernambuco os momentos de tensão que viveu durante o assalto. O estoquista Alex Ferreira, de 23 anos, foi abordado em frente à prefeitura do município, quando voltava para casa. “Me mandaram tirar a camisa e ficar a todo momento gritando ‘tem refém’. Fizemos isso por mais de duas horas, enquanto durou a ação”, explicou.

Alex disse que os bandidos estavam parados na entrada das ruas. “Eles já estavam esperando lá, com as armas. Tirei meu celular e carteira, ainda não tinha entendido. Eles disseram que não queriam nada, só o que pertencia ao governo”, lembra. Após assaltarem as agências, Alex conta que a quadrilha mandou o grupo de reféns – cerca de seis pessoas – subir na caçamba de uma Hilux. “Lá dentro eu vi muito mais armas. Depois, colocaram as sacolas, cheias de dinheiro. Era muito dinheiro. Fiquei sempre de cabeça baixa, mas percebemos que tinha uma mulher na quadrilha. Quando o carro saiu com a gente dentro, fiquei com medo. Ali eu pensei que não ia mais voltar. Mas andaram por um tempo, não sei quanto, pela BR, depois mandaram descer e só então voltamos para cidade.”

Inaldo de Andrade, 52 anos, mora em frente a duas das agências que foram atacadas e relata o horror que viveu durante a madrugada. “Acordei com a primeira explosão, que veio da direção do Bradesco. Depois, começaram os disparos. Muitos, sem parar. Eles gritavam o tempo inteiro ‘nós queremos o que é do governo’ e não paravam de atirar. Quando fez silêncio, eu saí e vi a fumaça, os vidros quebrados e as pessoas saindo para olhar.”

De acordo com o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, em 2017, foram registradas 185 ocorrências contra instituições financeiras. Em 2018, já são 102. Este ano, já são 23 ocorrências no Sertão, 23 na Região Metropolitana do Recife, 11 na Zona da Mata e 45 no Agreste. Se o modo de pensar da polícia não muda, a violência contra os bancos não vai mudar”, lamentou Suzineide Rodrigues, presidenta do sindicato.

Nesta quarta, o comércio funcionou normalmente em Surubim, apesar de os bancos estarem fechados. “Eu abri porque o pior é ficar parado sem ganhar dinheiro. O policiamento está reforçado aqui na área, vimos até helicóptero. Então, não ficamos com medo. Eles não vão retornar agora”, diz Vitor Silva de Oliveira, 21 anos, que possui um estabelecimento em frente aos bancos. “Por enquanto, ainda não estamos precisando dos bancos. Mas quando precisar, a solução será ir até outras cidades. As mais próximas ficam a 20km de distância.”

José Iranildo de Andrade, dono de uma padaria próxima ao local, está recorrendo ao Banco do Nordeste, que não foi atacado. “Precisei do banco, mas consegui resolver no Banco do Nordeste, que está funcionando. O que der para resolver, vou recorrer a ele. Meu banco é Caixa Econômica. O que eu precisar da Caixa, eu vou ligar para a agência de Toritama. A gente dá um jeito, não tem muito o que fazer.”

Via Folha PE

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