Projeto cientifico destaca potencialidades socioeconômicas da caatinga no Sertão nordestino

Dia Nacional da Caatinga é sábado (28). TV Escola do MEC inclui na programação algumas das potencialidades socioeconômicas do bioma a partir de um projeto científico da rede Ecolume no sertão pernambucano

 

Nesta semana em que se celebra o Dia Nacional da Caatinga, no dia 28, o bioma deve receber notoriedade pública. Porém, apesar da sua vasta biodiversidade e já adaptada geneticamente a elevadas temperaturas, as potencialidades socioeconômicas da vegetação nativa associadas ao clima semiárido continuam sendo subutilizadas e até destruídas, como o umbu e outras plantas que entram em processo de extinção diante do desmatamento. A fim de ajudar na inversão deste cenário predatório, um projeto científico financiado pelo CNPq começou a ser desenvolvido no começo deste ano no Sertão de Pernambuco, em Ibimirim. E, até 2020, uma rede de pesquisadores de entidades nacionais (Ecolume) liderada pelo Laboratório de Mudanças Climáticas do Instituto Agronômico de PE (IPA), apostará na busca de soluções científicas e tecnológicas no local.

 

“Em síntese, atuaremos na otimização dos recursos naturais, com foco no uso da energia fotovoltaica distribuída, vegetação, clima e água adaptando seus usos e manejos de forma integrada, além da inserção e da difusão de um novo conceito e percepção pública sobre o bioma atentos com a nova realidade posta pela mudança climática, visando trazer vantagens sociais, econômicas e ambientais”, diz a climatologista Francis Lacerda, coordenadora técnica Laboratório de Mudanças Climáticas do IPA e também da Ecolume.

 

Ao todo, são 30 redes de cientistas financiadas pelo CNPq para agir nas questões de segurança alimentar, hídrica e energética em vários biomas brasileiros diante das vulnerabilidades e oportunidades criadas a partir das mudanças do clima. O trabalho da Ecolume, por sua vez, despertou o interesse do Ministério de Educação e Cultura (MEC). A TV Escola da pasta acabou de firmar uma parceria. Divulgará o conceito da Ecolume, que aponta para a necessidade e a viabilidade da soberania alimentar, hídrica e energética (solar) em favor da população e a natureza regional, mesmo diante dos cenários adversos do clima. A Ecolume fará parte da programação na próxima semana. A superintendente da TV Escola do MEC, Lucile Licari, recebeu duas pesquisadoras da Ecolume na última semana e aceitou firmar uma parceria para contribuir na popularização deste novo conceito em sintonia aos desafios das mudanças do clima.

 

Uma reportagem já foi produzida no mercado público de Brasília com a climatologista Francis e a professora do Departamento de Bioquímica da UFPE, Márcia Vanusa. Será transmitida no próximo dia 5, no programa Rede Escola, que vai ao ar nas sextas-feiras, às 19h, com reprise no fim de semana. O programa aborda notícias da Educação. É no formato jornalístico, sendo o primeiro do gênero na TV, que está disponível em canais abertos, fechados, internet e também por sinal de parabólica.

 

Na reportagem, alguns conceitos científicos da Ecolume serão trazidos através do diálogo entre as pesquisadoras com comerciantes de raízes no mercado. O material produzido destacará a relevância ambiental da preservação da Caatinga, potencializando seu valor à sociedade. Além disso, apontará algumas das oportunidades socioeconômicas através do reflorestamento de plantas nativas, como o umbu, desde que atrelado ao desenvolvimento e uso da farta energia solar do semiárido, conforme vem vendo sendo estudado no sertão pernambucano através do projeto da Ecolume, financiado pelo CNPq. Os trabalhados de campo do projeto estão sendo desenvolvidos no sítio Ecolume de Tecnologias Sociais, na escola de Agroecologia Serta, que é uma ONG parceira, em Ibimirim.

 

Para o avaliador do CNPq desses 30 projetos aprovados pela entidade, Marconi Teixeira, que tem pós doutorado em Irrigação e Drenagem pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o conceito e o trabalho desenvolvido pela Ecolume beneficiará inclusive o pequeno produtor do semiárido. “Achei fantástico. Este projeto de Socioeconomia Verde atende ao que o pequeno produtor espera da nossa comunidade científica. A sociedade está sendo atendida. Trás a todos oportunidades socioeconômicas pontuadas (no campo alimentar, hídrico e energético)”, disse Teixeira na última quinta-feira, no CNPq, no final do 1º Encontro de Avaliação dos primeiros três meses de desenvolvimento dos projetos.

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