Professora é vacinada contra Covid-19 vestindo fantasia que usa sempre no carnaval

A professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marieta Koike, de 82 anos, é uma apaixonada pelo carnaval, mas não pode sair pelas ruas neste ano devido à pandemia. Sem perder o ânimo, ela vestiu a fantasia de noiva que usa todos os anos e foi ser vacinada contra Covid-19 na Zona Sul do Recife, na plena terça-feira (16).

“Há muitas maneiras de brincar o carnaval em segurança, mesmo neste ano. Foi ótimo colocar a roupa de noiva, preparei durante dias para encontrar o vestido guardado, pegar o sapato prateado, limpar o véu, o colar e os brincos”, contou a professora ao G1, nesta quarta (17).

Marieta Koike desfila no carnaval vestida de noiva há anos, uma tradição que nasceu “meio sem querer”, segundo a ela. “Quando me casei, não foi com vestido de noiva tradicional, daqueles grandes com véu e grinalda. Acho que talvez seja isso”, brincou.

Em 1968, quando Marieta casou com o Johei Koike, japonês nascido em Tóquio, o vestido usado por ela foi mais simples. “Foi um vestidinho no joelho, como era moda na época. Branco e bem alinhado, não teve buquê, nem cauda, mas teve uma festança. Imagine, um casamento no Ceará sem comemoração? Jamais!”, disse.

Marieta nasceu no litoral do Ceará, na cidade de Trairi, e mudou para o Recife em 1966, quando terminou o curso de Serviço Social na universidade. A oportunidade de trabalho foi o que trouxe a professora à capital pernambucana, mas a beleza do carnaval recifense foi o que a conquistou.

“Eu acho o carnaval do Recife uma das coisas mais belas do mundo. Já vi carnaval na Colômbia, em Veneza, no Equador, no Rio de Janeiro e em São Paulo… Mas como o nosso, não existe. É um encantamento a mais, é diferente. Os blocos, Olinda, o Recife Antigo nos proporcionam momentos mágicos”.

Apaixonada pela folia, Marieta não tem apenas um bloco do coração, mas vários. Já foi muitos anos ao Galo da Madrugada, já brincou no Cariri, em Olinda, não perde uma abertura do carnaval no Recife Antigo e já foi homenageada no tradicional bloco do Pará-quedista Real.

Todos os anos, na quarta-feira que antecede o carnaval, o bloco ocupa o Largo do Poço com uma festa que lembra os antigos bailes. “Os frequentadores assíduos do Pára-quedista foram homenageados. E eu, com meu vestido de noiva, subi ao palco e cantei com o pessoal”, recordou.

Foto de arquivo da festa do bloco Pára-quedista Real realizada em anos anteriores — Foto: Germana Soares/Divulgação/Arquivo
Foto de arquivo da festa do bloco Pára-quedista Real realizada em anos anteriores — Foto: Germana Soares/Divulgação/Arquivo

Marieta contou, com carinho, que a melodia escolhida na ocasião foi o Flabelo das Ilusões, do tradicional Bloco da Saudade. Com a distância das ruas, o saudosismo permaneceu vivo no ano em que não houve carnaval. “A saudade é grande. Estou cheia de expectativa para 2022”, declarou.

Enquanto não há carnaval, Marieta aproveitou para ressaltar a importância da vacina para que todos possam brincar em segurança no próximo ano.

“Ontem [terça], eu fui muito grata ao [Instituto] Butantan e aos cientistas. Queria deixar um grande agradecimento e dar o maior incentivo aos cientistas. Temos que reconhecer a dedicação que esses profissionais têm e, principalmente, tomar a vacina. Inclusive, no meu braço, a vacina da Covid-19 doeu menos que a vacina da gripe”, contou.

Via G1 Pernambuco

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