Polícia vai indiciar grupos envolvidos em bloqueios de vias em PE durante a greve dos caminhoneiros

Ao menos quatro grupos envolvidos em bloqueios de vias durante a greve dos caminhoneiros foram identificados e vão ser indiciados pela Polícia Civil, segundo o chefe da corporação, Joselito Amaral informou nesta quarta (30). Até às 17h, o único ponto de obstrução em estradas em Pernambuco é em uma rodovia estadual em Ouricuri, no Sertão, segundo o governo do estado.

Segundo Joselito Amaral, os manifestantes que foram identificados vão ser indiciados por diferentes tipos de crime, a depender das investigações. As infrações incluem obstrução de via pública, dano ao patrimônio público e uso abusivo de força, por exemplo.

“Desde o início do movimento, o setor de inteligência começou as investigações e isso vai subsidiar a Polícia Civil. Já temos identificação de pessoas e veículos utilizados durante a manifestação impedindo de certa forma o direito de ir e vir e o abastecimento da população, que foi quem mais sofreu”, disse Joselito.

Segundo o governador do estado, Paulo Câmara, a expectativa é de que a situação de desabastecimento de combustível e mercadorias causada pelas interdições no estado deve estar normalizada na primeira semana de junho.

“Temos uma meta para ter mais de mil caminhões saindo de Suape. Até as 17h, mais de 650 caminhões foram retirados, com um número bastante expressivo de caminhões de botijões de gás de cozinha de 13 quilos, que estavam praticamente inexistentes no comércio e nas cidades”, afirmou Paulo Câmara.

Ainda segundo o governador, até domingo (3), postos de combustível em todas as cidades do estado devem estar abastecidos. Até as 17h desta quarta (30), metade do total de caminhões previstos para abastecer o Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa) chegou ao local carregados com alimentos.

Desde a madrugada, os caminhoneiros desobstruíram os pontos onde eram feitos bloqueios de caminhões ao Porto de Suape, na Avenida Portuária, após a Polícia Militar cumprir medida judicial. Na tarde desta quarta (30), comboios do Exército, das polícias e dos bombeiros liberaram pontos remanescentes de obstrução na BR-101 em todo o estado.

Por volta das 18h desta quarta (30), a Polícia Rodoviária Federal divulgou que não há pontos de bloqueio nas BRs no estado. Segundo o governo estadual, a única obstrução que resta é em uma rodovia estadual em Ouricuri, no Sertão. “No âmbito de Pernambuco, temos certeza de que, até a quinta-feira (31), vai estar tudo normalizado”, disse Paulo Câmara.

Veja os principais reflexos da paralisação no estado nesta quarta (30):

Combustível

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), após a liberação da circulação de caminhões no Porto de Suape, o abastecimento dos postos no Grande Recife e interior do estado deve normalizar em até oito dias. Até as 17h desta quarta (30), 50% dos postos do Grande Recife tinham combustível.

Enquanto permanecer o desabastecimento nos postos de combustíveis, o Procon limitou a quatidade de litros que podem ser vendidos para cada pessoa. Para motos, o máximo é de 10 litros, e para carros, 30 litros. É necessário, ainda, apresentar o documento do veículo para garantir o abastecimento.

Nesta quarta (30), a TV Globo registrou filas de veículos para abastecer em postos do Recife e Olinda. Em um posto no bairro de São José, no Centro da capital, entre a Avenida Sul e a Rua Imperial, teve gente que madrugou na espera de combustível.

Desde o dia 20 de maio, segundo o Sindicombustíveis-PE, os postos deixaram de ser plenamente abastecidos por conta da greve dos caminhoneiros, que tinham bloqueado a entrada e saída da área de armazenamento do Porto de Suape, que recebe combustível de outros países, estados brasileiros e da Refinaria Abreu e Lima. Do complexo portuário, saem diesel e gasolina para o norte da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.

Transporte público

Apesar de o transporte público da Região Metropolitana ter normalizado, um protesto de rodoviários ocorreu no Centro do Recife e um tumulto foi registrado no Terminal Integrado Pelópidas Silveira, na cidade de Paulista, nesta quarta (30).

O tumulto em Paulista foi causado pelo atraso em um caminhão de combustível que abasteceria parte da frota no local. Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte, o combustível era destinado a ônibus da empresa Conorte. O órgão informou que, por causa do atraso no combustível, foi registrado um volume maior de usuários que aguardavam a operação das linhas da empresa Conorte.

Aeroporto

O Aeroporto Internacional do Recife tem autonomia de combustível, nesta quarta-feira (30), e continua em fase de abastecimento. Segundo balanço divulgado às 20h, 13 voos foram cancelados no terminal aéreo localizado no bairro da Imbiribeira, na Zona Sul da capital pernambucana.

Alimentação

Depois de mais de uma semana sem ser abastecido de forma regular, o Centro de Abastecimento (Ceasa) de Pernambuco, no Recife, recebeu mais da metade dos caminhões previstos para chegar com mercadorias até as 12h desta quarta (30). Dos 500 veículos esperados para chegar, 280 descarregaram no local. Apesar de irregular, a quantidade de veículos dobrou, em comparação com a segunda (28).

Apesar disso, o Ceasa registra um aumento no preço dos alimentos. A batata inglesa, mercadoria com menos estoque no centro, é encontrada em alguns estandes, custando até R$ 10 o quilo. O quilo da cebola é comercializado por R$ 6, nesta quarta (30), valor 118% mais alto que o encontrado na semana anterior. Já o quilo da cenoura estava sendo vendido por R$ 5, preço 122% mais caro.

Gás de cozinha

O desbloqueio da Avenida Portuária possibilitou que caminhões carregados com botijões de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, começassem a sair do Porto de Suape, intensificando o movimento em distribuidoras do produto na Região Metropolitana do Recife.

Saúde

Muitos pacientes do interior pernambucano que fazem tratamento no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) pelo programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD) não conseguem chegar ao hospital por falta de transporte. Os ônibus de muitas prefeituras que levam os pacientes para o Recife não têm diesel suficiente para o translado. Do total de pacientes atendidos na unidade de saúde, 70% são oriundos do interior do estado

Via G1 Pernambuco

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