PGR diz ao STF que apoia prorrogar inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir na PF

Procurador Augusto Aras enviou parecer à Corte atendendo a pedido de relator, ministro Celso de Mello. Inquérito foi aberto em abril e PF quer mais 30 dias; Bolsonaro nega acusação.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou nesta terça-feira (2) ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer favorável ao pedido da Polícia Federal para prorrogar o inquérito que apura suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF.

A delegada que conduz as investigações, Christiane Correa Machado, pediu ao STF 30 dias adicionais para concluir a apuração. O relator do caso no Supremo, Celso de Mello, pediu a manifestação da PGR e deve decidir, agora, se prorroga ou não o inquérito.

A investigação foi autorizada pelo STF em 27 de abril, três dias após o então ministro da Justiça, Sergio Moro, ter anunciado a demissão do cargo. Na ocasião, Moro disse que Bolsonaro interferiu na PF ao demitir o então diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo. Bolsonaro nega a acusação.

Entre outras diligências pendentes, a delegada Christiane Machado argumenta que “mostra-se necessária a realização” do depoimento de Bolsonaro. No parecer desta terça, Augusto Aras não comenta esse ponto.

No parecer, o procurador-geral da República, Augusto Aras, não trata diretamente do depoimento de Bolsonaro, mas concorda com as diligências já determinadas pela PF.

Inquérito

O primeiro a ser ouvido no inquérito foi o próprio Moro, no dia 2 de maio. No depoimento, o ex-ministro citou como prova da interferência do presidente a reunião ministerial de 22 de abril, no Palácio do Planalto. O conteúdo da reunião se tornou público no último dia 22 de maio.

A pedido da Procuradoria-Geral da República também foram ouvidos três ministros, uma deputada e policiais federais.

Vídeo

No vídeo da reunião, divulgado por decisão do ministro Celso de Mello, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que tentou “trocar gente da segurança” no Rio de Janeiro.

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”.

Segundo Moro, Bolsonaro se referia à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. O presidente, por sua vez, disse que se referia à segurança pessoal dele, cuja responsabilidade é do Gabinete de Segurança Institucional.

Como mostrou o Jornal Nacional, contudo, em vez de demitir o segurança no Rio, Bolsonaro o promoveu.

Via G1 Política

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