PF cumpre mandatos de busca e apreensão em Floresta e outras duas cidades em operação que investiga uso de lotéricas para lavagem de dinheiro em PE

BMW e Land Rover estão entre veículos apreendidos. Segundo delegado da PF, lotéricas pertenciam a dois políticos. Dinheiro e documentos também foram apreendidos na ação, denominada Mapa da Mina.

A Polícia Federal (PF) desencadeou, nesta quarta-feira (11), uma operação contra um grupo suspeito de utilizar casas lotéricas de agentes políticos para “lavar dinheiro” de desvios de verba pública e de corrupção. Entre os bens apreendidos, segundo a PF, estavam carros de luxo das marcas BMW e Land Rover, além de documentos.

De acordo com a Justiça Federal (JFPE), os mandados foram autorizados pela 13ª Vara Federal de Pernambuco. “O apurado até o momento indica o prejuízo de mais R$ 30 milhões para os cofres públicos, o envolvimento de entes federais, estaduais e municipais, bem como a prática há pelo menos sete anos”, disse a JFPE, em nota.

“Os agentes políticos interferiam nas licitações para favorecer o grupo empresarial e, por outro lado, as empresas beneficiavam as lotéricas que eram de dois agentes políticos de Pernambuco”, afirmou delegado regional executivo da PF, Bernardo Gonçalves Torres, responsável pela investigação.

Os cinco estabelecimentos, de acordo com a PF, são mantidos “apenas para viabilizar o processo de lavagem de dinheiro, já que as lotéricas não geram lucros reais para seus sócios”. Feitas desde 2013, as transferências ultrapassam R$ 14 milhões.

Ao todo, foram 25 mandados de busca e apreensão para endereços no Grande Recife, em Caruaru, no Agreste, e em Floresta, no Sertão, dentro da operação Mapa da Mina, que contou com apoio da Controladoria Geral da União (CGU).

De acordo com o delegado, alguns dos mandados foram cumpridos na casa de políticos pernambucanos. Os nomes não foram divulgados porque o processo corre em segredo de Justiça, segundo a PF.

A investigação da operação, segundo a JFPE, “se deu a partir dos elementos que apontam para a possível atuação de familiares de um ex-deputado estadual na prática de delitos de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, corrupção, peculato, fraude a licitações, dentre outros”.

Ainda de acordo com a Justiça Federal, o grupo atuaria em colaboração com um policial militar, que era vinculado, em tese, à Assembleia Legislativa de Pernambuco.

“Na residência de alguns desses agentes políticos, encontramos muitas mídias. Não temos como dizer, até o momento, quanto foi arrecadado. Trata-se de um conluio criminoso envolvendo empresários e políticos. Os políticos influenciam na dispensa indevida de licitações em favor desse grupo empresarial, que é composto de uma empresa de vigilância e de prestação de serviços”, disse.

Ao menos uma loteria, com o mesmo nome da ação desta quarta, foi alvo de mandado, segundo a PF. O G1 tentou contato com a loteria, mas não conseguiu.

A investigação começou a partir de outra ação da PF, denominada Decimus, que identificou um grupo empresarial comandado por oficial da Polícia Militar com atuação na área de vigilância e de serviços gerais. Apenas duas empresas desse grupo receberam, desde 2013, cerca de R$ 175 milhões dos cofres públicos. No entanto, a PF não informou se esse dinheiro teria sido desviado.

A PF afirmou que esse grupo teve “crescimento econômico vertiginoso a partir de 2013” através de contratos com entidades públicas municipais, estaduais e federais, mediante dispensas de licitação suspeitas ou processos licitatórios direcionados.

Dinheiro em espécie, celulares e computadores foram apreendidos na operação Mapa da Mina, da Polícia Federal, nesta quarta (11) — Foto: Polícia Federal/Divulgação

A investigação começou a partir de outra ação da PF, denominada Decimus, que identificou um grupo empresarial comandado por oficial da Polícia Militar com atuação na área de vigilância e de serviços gerais. Apenas duas empresas desse grupo receberam, desde 2013, cerca de R$ 175 milhões dos cofres públicos. No entanto, a PF não informou se esse dinheiro teria sido desviado.

A PF afirmou que esse grupo teve “crescimento econômico vertiginoso a partir de 2013” através de contratos com entidades públicas municipais, estaduais e federais, mediante dispensas de licitação suspeitas ou processos licitatórios direcionados.

Carro é apreendido na Operação Mapa da Mina, desencadeada pela Polícia Federal de Pernambuco nesta quarta-feira (11) — Foto: Assesoria/Polícia Federal/Divulgação

Segundo a CGU, as possíveis irregularidades teriam ocorrido na 3ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e em outros órgãos. O G1 entrou em contato com a Codevasf, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.

“O que a gente está tentando investigar é como se deu essa fuga de recursos financeiros. É possível que a gente tenha contratos que não tenham sido realizados na extensão do que estava previsto”, disse o superintendente da CGU em Pernambuco, Fábio Araújo.

A CGU afirmou, em nota, que uma das empresas investigadas foi beneficiada por “irregularidades nas fases de verificação da habilitação e de análise de recursos em pregão” dessa regional.

Loteria foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta quarta-feira (11), segundo a Polícia Federal — Foto: Assessoria/Polícia Federal/Divulgação

Na primeira fase da operação, os indícios encontrados pela PF apontaram que os políticos investigados atuavam em parceria com o grupo empresarial junto a dirigentes de órgãos públicos, com o objetivo de direcionar licitações – ou a dispensa delas – para favorecer as empresas.

Os envolvidos podem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraude a licitações, peculato e corrupção ativa. Além de 100 policiais federais, auditores da Controladoria Geral da União participaram do cumprimento dos mandados.

Operação Decimus

Em abril de 2018 a Operação Decimus investigou irregularidades em duas empresas de segurança privada no Recife. Durante a ação, um tenente-coronel da Polícia Militar de Pernambuco foi detido e foram apreendidos cerca de 33,5 mil dólares em espécie, além de R$ 220 mil e seis armas de fogo e 150 munições de calibres diversos.

Além do dinheiro e das armas, a PF também apreendeu sete discos rígidos, dez celulares, um tablet, cinco notebooks, três agendas, 2.200 folhas de cheques com valores diversos, carimbos, cartões magnéticos e documentos. Na data, as investigações apuraram a relação do oficial da PM com uma das empresas de segurança que foi alvo da operação.

Via G1 Pernambuco

Artigos relacionados

Deixe um comentário