PE pode ter 8 mil mortes por Covid-19 em agosto, diz pesquisador da Universidade de Washington

De acordo com as projeções, o estado seria o quinto do país com mais mortes. Ficaria atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia.

Projeções do Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME) da Universidade de Washington, no oeste dos Estados Unidos, mostram que Pernambuco pode ter cerca de 8 mil mortes por Covid-19 no dia 4 de agosto. De acordo com o estudo, o número de mortes segue uma tendência de queda, mas pode começar a subir novamente a partir da primeira quinzena de julho.

As previsões são coordenadas pelo médico Theo Vos, que é doutor em Epidemiologia e Economia da Saúde. Ele afirma que os dados são previsões e que contêm uma margem de erro que faz o valor variar para mais ou para menos.

“Com a margem, poderiam ser entre 6 mil e 11,6 mil mortes. É uma incerteza considerável, porque estamos olhando para o futuro e há muitas variáveis, mas é a melhor previsão que podemos fazer com os dados que temos”, afirma Vos.

O IHME utiliza dados de registros diários de novos casos e novas mortes, necessidade de internamento em hospitais, variação de mobilidade das pessoas de acordo com registros telefônicos e com as redes sociais, densidade populacional, variações ligadas ao clima e ao tempo, registros de pessoas utilizando máscaras e capacidade de realização de testes. Como o número de variáveis é muito grande, as previsões podem não se concretizar completamente ou apresentar resultados piores.

De acordo com as projeções, no dia 4 de agosto, Pernambuco seria o quinto estado brasileiro com o maior número de mortes. Em 4º lugar estaria a Bahia, com 12 mil mortes; em 3º, o Ceará, com 12,7 mil. Em 2º lugar apareceria o estado do Rio de Janeiro, com cerca de 20 mil pessoas mortas. E no topo da lista, São Paulo, com 39 mil vítimas da Covid-19.

Vos explica que o mais importante é que as autoridades estejam atentas à variação dos números e percebam o aumento da quantidade de pessoas doentes.

“Nós entendemos [a necessidade de reabertura] porque há muitas consequências em parar a economia. Vimos o quão devastador isso pode ser. Mas é importante que as pessoas que tomam essas decisões difíceis estejam bem informadas e esse é nosso principal trabalho. Nós gostaríamos que elas não considerassem apenas os efeitos sobre a economia, mas também as consequências na área da saúde, como o número de pessoas que podem morrer por conta da doença”, explicou o pesquisador.

As projeções do IHME foram desenvolvidas para atender a demandas da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, dos hospitais dos Estados Unidos e dos governos estaduais e federal do país. Mas a equipe avalia dados de todos os países do planeta.

“No Brasil, infelizmente, a pandemia se espalhou muito mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Vocês já precisam lidar com uma série de outras doenças e, numa situação como essa, em que as coisas começam a reabrir e as pessoas ficam menos cuidadosas, há uma possibilidade de que a curva volte a crescer e termos uma situação ainda pior”, afirma Vos.

De acordo com o pesquisador, não é possível falar em segunda onda no Brasil. Mesmo que os números demonstrem queda em alguns estados. Em Pernambuco, o governo estadual fala em estabilização da curva da Covid-19 e já deu início ao plano de retomada das atividades econômicas.

Vos explica que, para termos uma segunda onda da doença, é preciso antes finalizar a primeira. Ou seja: teríamos que zerar ou chegar a um número próximo de zero casos registrados por um período de tempo. Só depois desse momento, caso os números voltassem a subir, poderíamos considerar o surgimento de uma segunda onda da pandemia.

“Pelo que estamos vendo de retomada das atividades, de mobilidade das pessoas aumentando em Pernambuco, nós vemos uma tendência de queda, mas por volta do início de julho ela volta a crescer novamente”, enfatiza o pesquisador.

Passageiros tentando embarcar em ônibus no Grande Recife esta semana — Foto: Reprodução/TV Globo
Passageiros tentando embarcar em ônibus no Grande Recife esta semana — Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo o coordenador do IHME, um dos maiores desafios dos pernambucanos é o transporte público. Ao ver uma imagem de terminais de ônibus lotados na Região Metropolitana do Recife, Vos disse que é uma situação preocupante.

“Quando as pessoas se veem em situações em que precisam ficar mais próximas umas das outras, como vocês me mostraram uma imagem num terminal de ônibus do Recife, em que as pessoas estão muito próximas umas das outras, é preciso uma combinação de: se proteger com máscaras e tentar evitar estar em pequenos espaços com muita gente – preferencialmente as pessoas que precisam andar num ônibus lotado devem manter as janelas abertas para ter mais ventilação e reduzir o risco de transmissão”, aconselhou.

Ainda de acordo com ele, a criação de uma vacina eficaz e acessível a todos os países é a principal esperança para vencer o novo coronavírus. Mas, até lá, os números vão precisar ser monitorados com muito cuidado.

Covid-19 em Pernambuco

Com mais 50 óbitos confirmados nesta quarta-feira (17), Pernambuco ultrapassou a marca de 4 mil mortes causadas pela Covid-19.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), são 4.009 registros de pessoas que faleceram com a doença causada pelo novo coronavírus.

Via G1 Pernambuco

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