Paralisação continua em todo o País e petroleiros anunciam greve nas refinarias

A greve de caminhoneiros continua em trechos de rodovias federais de todo o País, em sua maioria com interdições parciais sem prejuízo à passagem de veículos, informa o ESTADÃO. Este domingo (27) promete ser bastante parecido, com mais um ingrediente: a adesão dos petroleiros ao movimento dos caminhoneiros.

Às 19h30 deste sábado, havia 566 pontos ativos de bloqueios em estradas, o número é pouco menor do que os 596 bloqueios divulgados pela manhã. O número de pontos desbloqueados subiu para 625 na noite deste sábado, 26. Em São Paulo, não há nenhum trecho com interdições. No entanto, os motoristas em greve permanecem no acostamento, sem impedir a passagem de veículos.

“Podemos até sair daqui. Mas segunda-feira ninguém trabalha”, disse o caminhoneiro Luís Carlos Pinto, de 45 anos, no local desde a quarta-feira. “Já não devia cobrar pelo eixo suspenso. O que queremos é o diesel a R$ 2,50.” Ele diz que não pretende esperar uma ação policial para sair da rodovia. Mas que irá continuar parado. Seu colega, João Barbosa, de 55 anos, afirma que também não irá voltar ao trabalho mesmo que tenha de sair dali.

Imagens aéreas mostram que filas de caminhões permanecem na Rodovia Anchieta, no caminho que liga ao Porto de Santos. Já na Régis Bittencourt, grande parte dos motoristas deixou a rodovia com seus veículos.

A cena mais vista no país neste sábado (26), sexto dia de greve dos caminhoneiros, foi a de filas nos poucos postos de combustíveis que conseguiram receber algum caminhão ao longo do dia. Algumas prateleiras vazias, principalmente de verduras, legumes e carne, também foi frequente, além do relato de dificuldades, em várias cidades, no abastecimento de GLP, o gás de cozinha.

A PRF mantém corredores para garantir a circulação do transporte de animais vivos, gêneros alimentícios, equipamentos essenciais, medicamentos, combustíveis e outras cargas sensíveis, além de monitorar a saída dos caminhoneiros.

13 aeroportos parados, em SP Cumbica opera normalmente, informa a Infraero

O número de aeroportos sem combustível no país, por conta da paralisação dos caminhoneiros, voltou a crescer no final da noite desta sexta-feira (25), chegando a, ao menos, 13. Na capital paulista, no entanto, os principais terminais operam normalmente.

O aeroporto de Brasília, administrado pela Inframerica, já está com as reservas se esgotadas desde as 8h e não tem previsão de quando voltará a receber combustível. Segundo a concessionária, apenas dez caminhões fizeram o abastecimento desde terça (22), sendo que a média diária é de 20 caminhões.

Outros 12 aeroportos sob a administração da Infraero também estavam sem querosene no final da noite. São eles: de Carajás (PA), São José dos Campos (SP), Uberlândia (MG), Juazeriro do Norte (CE), Maceió (AL), Recife (PE), João Pessoa (PB), Joinville (SC), Vitória (ES), Ilhéus (BA), Aracaju (SE) e Palmas (TO).

No meio da tarde, alguns aeroportos da Infraero chegaram a receber combustível, mas o problema voltou a afetar vários deles durante a noite. Os terminais continuam operando, mas apenas aeronaves com combustível suficiente para decolar depois estão podendo pousar neles.

Os principais aeroportos de São Paulo continuam com operações normais. O aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), afirmou que seu abastecimento acontece também por dutos, o que deve impedir impactos. Já Congonhas (zona sul) disse que pode ter problemas caso a situação persista, mas não informou o quanto ainda pode durar suas reservas.

As principais companhias aéreas acumulam voos cancelados devido à falta de combustível. A Latam informou no início da noite que acumulava, ao menos, 46 cancelamentos, a Azul tinha 36, a Avianca tinha 26, e a Gol, ao menos, dois.

Petroleiros anunciam greve para 4a.-feira

O movimento dos caminhoneiros acelerou a decisão dos funcionários da Petrobrás de entrar em greve. Após reunião neste sábado, a categoria anunciou que vai iniciar manifestações neste domingo, 27, e fará uma paralisação de 72 horas a partir da próxima quarta-feira, 30, segundo fonte. Os petroleiros sao representados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A lista de reivindicações inclui cinco pontos, um deles é a demissão do presidente da companhia, Pedro Parente. Os sindicalistas pedem também a redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha; a manutenção de empregos e retomada da produção interna de combustíveis; o fim da importação de derivados de petróleo; e a desmobilização do programa de venda de ativos promovido pela atual gestão da estatal. O comunicado que será enviado ainda neste sábado à empresa contesta também a presença de unidades das Forças Armadas em instalações da Petrobrás.

A greve se estenderá até as 23h59 do dia 1º de junho. Já neste domingo, 27, a troca de turnos será atrasada nas refinarias nas quais foram colocadas à venda participações, o que deve deixar a operação mais lenta. Foram incluídas no programa de desinvestimento a Rlam, na Bahia; a Abreu e Lima, em Pernambuco, a Refap, no Rio Grande do Sul, e a Repar, no Paraná.

Trabalhadores da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) já cruzaram os braços no turno de 8 horas a 16 horas deste sábado, em solidariedade ao movimento de greve dos caminhoneiros, informou o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS).

Segundo a assessoria de imprensa da Petrobrás, a operação não foi afetada. Isso porque os trabalhadores do turno anterior, de meia-noite às 8 horas, assumiram os trabalhos. A diretora de comunicação do Sindipetro-RS, Élida Maich, informou que a paralisação foi decidida por cerca de 70 petroleiros reunidos na porta da Refap, na entrada do turno das 8 horas.

A entrada da Refap foi bloqueada por manifestantes desde o início do movimento grevista dos caminhoneiros. Segundo a Petrobrás, há bloqueios em várias refinarias, mas nenhuma unidade teve impacto na operação de produção.

Na semana retrasada, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) aprovou greve por tempo indeterminado, mas sem definir uma data. A entidade divulgou um calendário que previa a definição da data de início da greve para o próximo dia 12, mas o Sindipetro-RS resolveu se antecipar ao movimento com a ação localizada na Refap. “Como os petroleiros são contra a política de aumento de combustíveis, entramos em solidariedade aos caminhoneiros”, afirmou Elida.

Exército coloca tropa de prontidão para ajudar PM em refinaria no Rio

SÃO PAULO (Reuters) – O Exército colocou na tarde deste sábado um contingente de soldados à disposição para dar apoio à Polícia Militar na segurança em torno da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, para garantir a saída de caminhões com combustíveis, segundo informações da Agência Brasil.

Citando o porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Cinelli, a Agência informou que os soldados da Polícia do Exército estão aquartelados no 15º BPM, em Duque de Caxias, prontos para entrar em ação, caso necessário.

O número de manifestantes em frente a Reduc, ainda segundo a reportagem, diminuiu na tarde deste sábado e os caminhões que estavam estacionados no acostamento foram retirados, ainda pela manhã, por ordem da Polícia Rodoviária Federal.

O diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) Aurélio Amaral disse à Reuters que recebeu informações de contato das distribuidoras de que o Exército está começando operações e que algumas bases de distribuição da região Norte foram liberadas. A situação na Região Sudeste, no entanto, ainda estaria complicada.

As paralisação dos caminhoneiros contra a alta do diesel entrou no sexto dia neste sábado, causando bloqueios de estradas e problemas de abastecimento. Neste sábado, o governo disse que vai começar a aplicar multas de 100 mil reais por hora parada para as transportadoras que não voltarem à atividade após o recente acordo.

Em comunicado, a ANP informou que a presença da agência nas bases “assegura que somente em casos excepcionais não sairão os caminhões” e faz a articulação com os órgãos de segurança pública para assegurar o abastecimento.

Ainda segundo o comunicado, agentes de fiscalização estão na base de distribuição em Duque de Caxias e os caminhões serão escoltados pela Polícia Militar.

Fonte: Reuters/Estadão/Folha/GazetadoPo

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