Padre Airton Freire, da Fundação Terra, é suspenso de atividades religiosas por suspeita de envolvimento em crime de estupro

Decreto da Diocese de Pesqueira determina que o padre está privado do ‘Uso de Ordem‘ após denúncia de uma mulher que alega ter sido estuprada.

Um decreto publicado na última terça-feira (30) pela Diocese de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, determina a suspensão do “Uso de Ordem” do padre Airton Freire, da Fundação Terra. O documento define que o sacerdote não tem jurisdição para presidir ou administrar qualquer Sacramento ou Sacramental por suposto envolvimento em um crime de estupro.

O documento assinado pelo bispo, Dom José Luiz Ferreira Salles, decreta que o padre Airton está vedado do exercício do ministério presbiteral, considerando as denúncias apresentadas por Silvia Tavares de “possível cometimento de delitos tipificados pelo ordenamento da Igreja em seu desfavor pelo padre Airton Freire”.

A mulher denuncia o padre por crime de estupro que, segundo ela, foi praticado a mando do padre, por um motorista dele, chamado Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos. Silvia Tavares foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro do Recife, para pedir a conclusão da investigação do caso nesta terça-feira (31).

A polícia não deu detalhes a respeito do envolvimento do padre Airton no caso nem detalhou sobre o que se tratam essas denúncias porque o caso corre em segredo de Justiça e é investigado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e pela Polícia Civil.

O decreto considera também advertências anteriores recebidas pelo padre, mas não cita do que se tratam os demais casos que levaram à decisão. O texto destaca que há gravidade nas denúncias, que estão no âmbito de investigação na esfera estatal e eclesiástica.

Por isso, o decreto se apresenta com a finalidade de “prevenir os escândalos e garantir o curso da justiça”, de acordo com o texto.

Por meio do documento, é decretado que:

O padre Airton Freire está suspenso do “Uso de Ordem”;

O sacerdote fica proibido de exercer ofícios e encargos eclesiásticos e não tem jurisdição para presidir ou administrar, publicamente, qualquer sacramento ou sacramental e pode apenas celebrar a eucaristia em privado, com exclusiva participação de até 3 fiéis.

A medida é válida desde a publicação até o término do procedimento penal;

Não cumprir as medidas do decreto, de acordo com o documento, significa desobediência e pode implicar ao padre outras medidas canônicas previstas para o caso;

A assessoria de comunicação da Fundação Terra informou ao g1 que, até a manhã desta quarta-feira (31), “não há nenhum pronunciamento” a respeito do caso.

Denúncia de estupro

A mulher que denuncia o padre Airton Freire de Lima, criador da Fundação Terra, por participar de um estupro sobre o qual denunciou ter sido vítima, em agosto de 2022.

Sílvia Tavares relatou que frequentava retiros espirituais organizados pelo padre desde 2019, na Fazenda Malhada, em Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, e participou de, pelo menos, 25 desses eventos religiosos. Os dois se conheceram quando ela procurou a ajuda dele para tratar uma depressão.

Ela contou que, durante um desses retiros, foi chamada pelo padre para ir a uma pequena casa isolada, a que a mulher se refere como “casinha”, onde ficavam os aposentos do padre. Foi nesse dia, 18 de agosto de 2022, que o estupro aconteceu, de acordo com Sílvia Tavares.

Na “casinha”, o padre pediu que ela fizesse uma massagem nele e mandou outro homem, o motorista, estuprá-la enquanto ele assistia e se masturbava, ainda segundo a mulher.

O que diz o padre Airton Freire

A defesa do padre Airton Freire de Lima enviou uma nota para o g1 na qual o sacerdote “nega a prática de qualquer ato ilícito e reafirma inocência”.

O padre diz que não são verdadeiras as alegações dirigidas a ele e lamenta “ter sido alvo de acusações infundadas e injustas e já constituiu advogados para exercer sua defesa”.

Na nota, o padre Airton diz também que considera “que o afastamento determinado pela Diocese de Pesqueira permitirá que as apurações transcorram com toda a tranquilidade necessária para que se apure a verdade sobre os fatos”.

Via g1 Pernambuco.

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