Novo ministro pode mudar direção da PF

O novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, admitiu que poderá mudar o comando da Polícia Federal, negando, porém, que pretenda interferir na Operação Lava Jato.

Mesmo assim, a posição crítica do ministro aos métodos da Lava Jato gera apreensão e preocupação entre parlamentares não alinhados ao governo e delegados da Policia Federal.

Para o senador Alvaro Dias (PV-PR), a possibilidade de mudar o comando da PF, levantada pelo ex-ministro da Transparência, “passa a ideia de que o que se deseja é esvaziar a Operação Lava Jato”. E acrescentou que essa troca serve para garantir a permanência o presidente Michel Temer

Posição semelhante foi manifestada pelo presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Sobral. Ele criticou a decisão do presidente Michel Temer de trocar o ministro Osmar Serraglio pelo ministro Torquato Jardim.

Sobral fez referência ao senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) durante gravação feita pelo empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo JBS.

No cargo desde 2011, o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, já afirmou em entrevista que não tem interferência do ministro da Justiça na atuação da PF.

“Nós investigamos fatos, não pessoas. Aonde os fatos vão chegar é consequência da investigação, doa a quem doer”, disse Daiello.

Segundo Sobral, um ministro da Justiça pode interferir de várias maneiras para enfraquecer a atuação da polícia. Uma delas é o corte de verbas para grandes operações. Uma outra é a indicação política para cargos estratégicos da instituição.

Protestos contra Serraglio

O anúncio da indicação de Osmar Serraglio gerou protestos dos servidores do Ministério da Transparência, que abraçaram o prédio da pasta contra o provável indicado. Ele deve decidir nesta terça-feira se aceita o cargo, uma estratégia usada pelo Planalto para manter com foro privilegiado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado recebendo uma mala com dinheiro de propina entregue pela JBS.

Mais blindagem

O presidente Michel Temer (PMDB) deve editar nos próximos dias uma medida provisória  para manter o foro privilegiado de Moreira Franco (PMDB-RJ), ministro da Secretaria Geral da Presidência. Perde a validade na sexta-feira, dia 2, a MP 768, que criou a pasta de Moreira e o Ministério dos Direitos Humanos. O Congresso não deve aprovar a tempo.

Moreira foi nomeado ministro em fevereiro. Após uma série de pedidos para afastá-lo do cargo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello decidiu que o peemedebista continuaria na Esplanada e com direito ao foro.

O peemedebista é um dos cinco titulares da Esplanada que perderiam o foro privilegiado se tivessem de deixar o cargo. Também estão na lista: Eliseu Padilha (Casa Civil), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), Helder Barbalho (Integração Nacional) e Marcos Pereira (Indústria).

Moreira é investigado na Lava Jato junto com ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O inquérito aberto por Fachin é o 4462. Ambos negam as acusações. No total, 8 ministros de Temer são investigados na operação.

Via DCI

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