Sertanejo de Serra Talhada, o cantor e compositor Carlos Filho vivenciou uma virada na carreira quando participou do “The Voice Brasil”, da Globo, e encantou com a voz poderosa e o carisma. Já com 15 anos de carreira, experiências consolidadas em grupos como bandavoou, Estesia e Malassombro, além de uma participação no show de Milton Nascimento no currículo, ele enveredou, pela primeira vez, para uma carreira solo. O processo de investigação artística de si culminou na produção do álbum “Baile Brasileiro”, que chega às plataformas de streaming nesta sexta (7). No dia seguinte, ele mostra as músicas no Forró do Poeta. A festa terá ainda show de Henrique Brandão e Fabíola Leite, a partir das 20h. Os ingressos custam a partir de R$ 25.
Link de pré-save do disco https://onerpm.link/bailebrasileiro
Um projeto de forró pode soar familiar para quem o conheceu através da interpretação de “Enquanto Engoma a Calça”, canção de Ednardo com a qual foi aprovado para o talent show. Mas é a estreia do pernambucano pela musicalidade da festa nordestina. Intencionalmente publicado em junho, “Baile brasileiro” tem sete faixas gravadas ao vivo nas quais ele pega a estrada, vai e volta do interior e incorpora referências musicais e poéticas em um trabalho, ao mesmo tempo, moderno e respeitoso à tradição.
“Não tenho a preocupação de me sentir na obrigação de sustentar uma tradição, pois sei que ela tem que seguir em frente”, crava Carlos, sobre as discussões em torno da perpetuação do forró e das transformações incorporadas ao longo das décadas. Para ele, é também o fruto de uma jornada para “fazer as pazes” com as próprias origens, com a música ouvida desde a infância, mas da qual fugiu por um bom tempo, até atingir uma relação livre de romantização ou idealização.
Carlos pede licença e atenção com “Aboio, Afeto y Recanto”, faixa de abertura que nos remete à sonoridade das cantorias e dá o mote da sua chegada: “cantar sobre o meu povo, emprestar a minha voz, essa voz não é só minha, traz a dor e a beleza das águas do Pajeú” ao mesmo tempo em que sentencia “No meu peito arde um braseiro/ Quero fogo no salão/ Pra animar o povo inteiro”. As faixas têm arranjo e Felipe Costta, que toca sanfona no álbum e conta ainda com Júnior Teles (zabumba, pandeiro, triângulo, ganzá e reco), Sarah Leandro (voz), Felipe de Lima (baixo) e Tombc (synths).
A toada segue entre a reverência aos gêneros tradicionais e a rotina na capital, onde participa ativamente do efervescente cenário forrozeiro e já cantou em parceria com nomes como Maciel Melo, Santanna, Petrúcio e Pecinho Amorim, Cristina Amaral, Nena Queiroga, entre tantos outros. Em “Barraco na Ribeira”, composta por Giuliano Eriston, a poesia surge do convite para o amor em um local humilde à beira do rio onde as brechas deixam passar tanto a luz do Sol quanto a água da chuva que “molha o colchão”.
Um dos temas mais recorrentes e marcantes do cancioneiro brasileiro, a dor da separação é tema de “Cuidar de Mim”. Composta em parceria com o sanfoneiro Itallo Costa, percorre o ciclo de negação, orgulho, superação e autoconhecimento típicos do término. O tom reflexivo se espalha pela faixa seguinte, “Devagar, Meu Bem”, mais uma de Giuliano Eriston. É um convite a desacelerar, apreciar o momento presente e encontrar conforto na presença um do outro, algo tão diluído na correria contemporânea.
“Maçã do rosto”, de Djavan, é a quinta do álbum. Entre a súplica e um erotismo singelo, é uma mistura deliciosa de sensualidade e carinho, embalada por uma brincadeira musical entre o baião e o xote até atingir o clímax de “Vem morrer nesse beijo que eu vou te dar/ Por você meu desejo aumentou e pode me matar”. Parceria com Eriston, “Tu Vai Ver” é uma das canções mais divertidas e astutas. Expõe o jogo de conquista e o desenrolar do desejo, para depois colocar em xeque essas estratégias sentimentais.
O fole da sanfona ronca mais alto na faixa de encerramento, “Forró da Tia Lila”, como quem encerra a festa com um tributo a esse instrumento que tem vida própria na musicografia brasileira. Composta pelo instrumentista e compositor Felipe Costta, que assina os arranjos do álbum, a peça instrumental foi batizada segundo a tia de Felipe, que superou um problema de saúde durante o período de produção do álbum. Ao mesmo tempo alegre e comovente, refletindo tanto a leveza da recuperação quanto a dificuldade superada.
SERVIÇO
Lançamento do álbum “Baile Brasileiro”
Quando: sexta-feira (7/6), nas principais plataformas de streaming
Via Ascom