Mulher passou 33 anos em situação análoga à escravidão

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou casal de São Paulo pelo crime. A trabalhadora não recebia nenhum direito trabalhista e fazia longas jornadas de trabalho.

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, nesta segunda-feira (28/8), casal que mantinha uma mulher em condições análogas à escravidão em São Paulo, há mais de três décadas. Segundo o órgão, a trabalhadora prestava serviços domésticos à família no Brás, centro da capital paulista, e em uma loja do casal no mesmo bairro. Sem receber salários, férias e descanso semanal, a vítima vivia em condições precárias na residência dos empregadores e chegou a sofrer agressões físicas e constrangimentos morais. As jornadas de trabalho também eram exaustivas — iniciava por volta das 7h e se estendia até as 22h. Ela também não tinha registro na Carteira de Trabalho, nem recolhimento das parcelas previdenciárias.

Ainda de acordo com o MPF, o casal teria se aproveitado da situação vulnerável da mulher em 1989, quando a retiraram de um albergue para realizar serviços domésticos em sua casa. Naquele momento, ela vivia em situação de rua. Investigação antigaA situação da trabalhadora já tinha sido objeto de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, em 2014.

À época, eles assumiram o compromisso de efetuar o registro em carteira da empregada, pagar salários mensais e saldar outras obrigações trabalhistas – o que nunca foi feito.

O MPF afirma que a mulher chegou a ganhar um salário, porém, foi responsabilizada por quebrar uma máquina de lavar roupas e deixou de receber as outras remunerações.

A investigação acompanhava a rotina da doméstica com monitoramento por câmeras, uma delas, inclusive, na edícula onde vivia. A vítima só conseguiu sair da casa em julho do ano passado, após procurar vaga de acolhimento em um centro de assistência social do município.

Em depoimento às autoridades, o casal afirmou que considerava a mulher uma pessoa “da família”.

via Diário de Pernambuco.

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