Morre mulher internada com suspeita de raiva humana no Recife

Morreu, na noite desta quinta-feira (29), a mulher internada com suspeita de raiva humana no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife. O Huoc confirmou a morte. Adriana Vicente da Silva, de 35 anos, foi ferida no peito por um gato de rua quando fazia o resgate do animal – ela é dona da pet shop Artevestepet, localizado no bairro da Boa Vista, na área central da Capital. O corpo será encaminhado para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) para atestar a causa da morte, uma vez que os resultados dos exames ainda não chegaram de São Paulo.

A equipe de Vigilância à Saúde do Recife recebeu, no final da tarde de segunda-feira (26), a notificação de um caso suspeito de raiva humana proveniente do Hospital Agamenon Magalhães (HAM) da mulher, que morava em Santo Amaro, também no Centro da capital. De acordo com informações colhidas de familiares, pela equipe de Vigilância Epidemiológica, ela foi agredida por um gato na mama direita no dia 26 de abril e não procurou um serviço de saúde para fins de vacinação. O animal, que fugiu após a tentativa de resgate, morreu menos de uma hora depois.

Ainda de acordo com a investigação, a vítima apresentou sintomas no dia 18 de junho, sendo internada no Hospital Agamenon Magalhães no dia 24. Com o agravamento do quadro da paciente, ela foi transferida dois dias depois para o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).

Causa animal
Ativista da causa animal, Goretti Queiroz, alertaou para a “vilanização” dos gatos de rua após a repercussão do caso. “Já se sabe que é alto o índice de pessoas que mata gato, principalmente envenenado. Pode piorar se a população não se conscientizar que tem que fazer o seu papel no controle de natalidade dos bichos. Esperar um caso grave como esse para se vilanizar os animais de rua é lamentável”, observou.

A Unidade de Vigilância Ambiental e Controle de Zoonoses do Recife está vacinando cães e gatos domésticos e de rua na região onde a mulher que morreu com suspeita de raiva humana foi ferida pelo gato, seguindo protocolo do Ministério da Saúde para evitar transmissão. A ação de bloqueio vacinal (imunização depois da exposição), parte da área onde o animal circulava – começando num raio de 1 km, avançando para 3 km e depois para 5 km, abrangendo aproximadamente 30 bairros. Até o fim desta quinta, foram visitados 4.972 imóveis e pelo menos 150 animais tinham sido vacinados.

Raiva: o que é?
A raiva é uma zoonose – doença transmitida de animais mamíferos, geralmente através da mordida e arranhaduras que levam o vírus presente na saliva dos animais infectados para o homem – causada por um vírus. É uma doença grave, com taxa de mortalidade de quase 100%. O vírus da raiva tem atração pelas células do sistema nervoso, e, uma vez inoculado no organismo, passa a migrar em direção ao sistema nervoso central, causando a encefalite rábica.

Em caso de mordida ou arranhão de qualquer animal, a recomendação é que se lave bem o local com água e sabão e, em seguida, se busque imediatamente um posto de saúde para que se avalie se há necessidade de iniciar tratamento profilático (preventivo) com a vacinação contra raiva. O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, já que a profilaxia contra a raiva é considerada uma urgência médica.

Sobrevivente
O pernambucano Marciano Menezes da Silva, de 24 anos, que é morador de Floresta, no Sertão de Pernambuco, foi o primeiro brasileiro e o terceiro no mundo a ser curado da raiva humana. O jovem foi contaminado em 2008, quando tinha apenas 16 anos e foi mordido por um morcego hematófago contaminado.

Marciano ficou internado na unidade de saúde entre outubro de 2008 e setembro de 2009 e o caso tornou-se referência internacional para o tratamento da doença. Durante o internamento, ele foi submetido a diversos procedimentos, a maior parte com sabe no Protocolo de Milwaukee, criado pelo norte­americano Rodney Willoughby, que, em 2004, conseguiu tratar uma paciente com raiva com sucesso.

Sequelas
Apesar da cura, Marciano ficou com sequelas. Ele tem dificuldade para andar, falar, além de crises convulsivas. Desde o caso dele o Oswaldo Cruz não recebia paciente com suspeita da doença.

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