Moro chama Bolsonaro de traidor e admite que errou ao assumir Ministério da Justiça

No livro Contra o sistema da corrupção (2021, Primeira Pessoa), cujo lançamento ocorre no Recife neste domingo (5), Sérgio Moro reserva as críticas mais duras a Jair Bolsonaro (sem partido), a quem chama de traidor. Na obra, também sustenta que o presidente fez sabotagem à agenda anticorrupção. Um ano e quatro meses depois de assumir o posto, o ex-juiz abandonou o governo Bolsonaro.

“Ora, Bolsonaro não manteve a palavra nem sob o combate à corrupção, quanto mais a uma indicação ao STF (que ele afirma nunca ter sido negociada para a indicação”, diz. “Minha expectativa era de que Bolsonaro adotasse um tom de estadista, uma postura mais modesta”, avaliou.

“Agora, com os fatos, é fácil concluir que errei”, diz em dado trecho. Moro também não poupa aliados, como ministros.

Na época, isso [fala de Onyx Lorenzoni de despetizar a gestão] foi um primeiro indício de que a promessa de que teríamos um governo técnico, que não seria movido por fantasmas ideológicos ou motivado por perseguições, era vazia”, classifica. “Nada pior do que conduzir um governo motivado por ideologia ou revanchismos”. No texto, sem nominar, o ex-ministro disse ter ouvido de colegas que eram movidos pelo “desejo de vingança” e recomenda profissionalismo na gestão pública.

Em mais de uma oportunidade, Moro critica o culto à personalidade.

“Nós brasileiros não deveríamos depender de salvadores da pátria”, afirma o magistrado, para quem a Lava Jato mostrou que um outro Brasil é possível. Na publicação, ele compara a corrupção à inflação, nos seus efeitos deletérios à economia, sugerindo que a administração pública pode se livrar da distorção, desde que haja vontade política, como aconteceu com a estabilização da economia.

Via Jornal do Commercio de Pernambuco

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