Minuta do M. da Saúde aprova volta do futebol, mas cita testes “saturados”

Uma minuta do Ministério da Saúde deu parecer favorável pela volta do futebol no país. Em documento datado da noite da última quinta-feira (30), o órgão argumenta que a atividade é “relevante no contexto brasileiro e que sua retomada pode contribuir para as medidas de redução do deslocamento social através da ‘teletransmissão’ dos jogos para domicílio”.

No complemento do parecer, no entanto, a autoridade nacional de saúde ressalta: “este Ministério é favorável ao retorno das atividades do futebol brasileiro, desde que atendidas todas as medidas apresentadas neste parecer”, diz o texto obtido pelo UOL Esporte.

Mesmo com o “ok” inicial para uma retomada em campo, o documento mostra uma série de ressalvas e questionamentos ao guia apresentado pela CBF solicitando o retorno das atividades. O tom geral da minuta esteve longe de uma aprovação.

O órgão pede que a CBF “garanta a garanta a realização dos testes e avaliações constantes não apenas nos atletas, mas também que seja ofertado aos membros das comissões técnicas, funcionários e colaboradores, assim como os respectivos familiares e contactantes próximos”, diz o parecer, que ainda questiona. “Diante da afirmação acima, na proposta apresentada, não fica evidenciado onde serão realizados os testes, periodicidade e critérios de retestagem, e como serão assistidos caso o diagnóstico dos atletas seja positivo”.

Mais ressalvas ao documento inicial da CBF

A sequência do parecer mostra uma realidade preocupante. Em que pese a orientação para testes em todos os envolvidos, o relato da situação do país se mostra longe da ideal para que tal ideia seja posta em prática. “Cabe ressaltar que no momento, a disponibilização de testes rápidos no sistema de saúde encontra-se saturado diante das necessidades da população brasileira”, frisou o Ministério.

A minuta, no entanto, está longe de ser o documento único que sustente o retorno imediato das atividades. “Ressalta-se ainda que o documento apresentado não se trata de uma guia médico, e sim de uma proposta de planejamento de retorno às atividades da classe, contemplando algumas medidas de saúde e segurança sanitária. Portanto, o Ministério da Saúde ressalta a importância de apresentação de um Plano estratégico geral detalhado, pactuado entre os diversos setores descritos anteriormente para o retorno das atividades futebolísticas sem a presença de público externo e planos de ação locais contendo a descrição das medidas de saúde, segurança e higiene, periodicidade de execução e responsáveis, que devem ser apresentados e validados pela autoridade de saúde local”, diz o documento.

O parecer genérico do órgão federal deixa claro que a decisão final pelo retorno será dos poderes locais e estaduais. “Além disso, cabe ressaltar que a autorização acerca do início das atividades de treinamento nas localidades deve ser do Secretário Municipal, pois o Ministério da Saúde não irá contrapor uma decisão do gestor local que é quem está vivendo o problema. Somente com base na Análise de Risco da Secretaria Municipal é possível saber em quem momento cada fase pode ser adotada em cada município. O Ministério da Saúde não determinou e nem determinará fechamento ou abertura de qualquer atividade. Essa é uma decisão que cabe ao gestor local”.

Veja as recomendações finais da minuta

“A documentação apresentada não se caracteriza como um plano de ação para a retomada das atividades de futebol em nível estadual e nacional, carecendo de ajustes direcionados para uma retomada segura e adequada considerando as diferenças epidemiológicas loco-regionais. Em que pese a importância do assunto, ressaltamos a necessidade de que os planos considerem para a definição da retomada e realização das partidas:

  1. O perfil epidemiológico apurado pelas autoridades de saúde municipais e estaduais previamente às atividades de treinamento e realização dos jogos.
  2. A adoção de ações que garantam o distanciamento adequado e seguro entre os profissionais que atuam na organização das atividades previstas;
  3. A garantia de que os treinamentos e as partidas ocorram com os portões fechados;
  4. A efetivação de estratégias e meios para que não ocorram aglomerações nas imediações dos locais onde as partidas serão realizadas;
  5. A garantia de que os profissionais envolvidos e jogadores que apresentem sintomas sigam as orientações médicas para a quarentena.
  6. Sugere-se assim o envolvimento de outros setores governamentais, tais como:
  • Ministério da Economia
  • Ministério da Cidadania
  • Ministério da Justiça e Segurança Pública
  • Casa Civil
  • Anvisa
  • Entidades representativas de estados e municípios”

Via UOL

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