Lula muda estratégia e ataca Bolsonaro por denúncias de corrupção envolvendo família do presidente

No debate de domingo, petista foi questionado sobre corrupção por Bolsonaro, mas não confrontou o presidente sobre as acusações que pesam sobre seus familiares

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Palácio do Planalto, adotou uma nova estratégia para tratar de um tema incômodo: a corrupção. Em entrevista nesta quarta-feira à rádio Clube, de Belém (Pará), Lula falou abertamente sobre as denúncias envolvendo a família do presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal concorrente na corrida presidencial, e intensificou as críticas à operação Lava-Jato.

(Temos) um presidente que sequer exigiu a investigação do (Fabrício) Queiroz, que sequer exigiu a investigação de seus filhos, que sequer investigou as denúncias contra (o ex-ministro Eduardo) Pazuello. Nós temos um presidente que não apenas coloca a sujeira embaixo do tapete como transforma em sigilo de 100 anos tudo e qualquer denúncia contra eles — disse Lula nesta quarta-feira.

Lula foi questionado sobre corrupção por Bolsonaro no primeiro debate presidencial no último domingo. Na ocasião, o petista não citou as denúncias de corrupção contra o presidente e seus aliados. Mas o fez na entrevista desta quarta-feira.

Nas últimas semanas, Lula abordou o tema apenas citando as medidas de combate a corrupção feitas durante os governos petistas e tentando se contrapor a Bolsonaro ao afirmar que no seu governo as instituições tinham autonomia para investigar denúncias. O ex-presidente vinha criticando o atual mandatário por determinar sigilos de documentos e processos sobre ele ou seus aliados.

Na entrevista desta quarta-feira, o petista também atacou de forma mais incisiva a operação Lava-Jato. Ele disse que contra ele “foi levantado a maior calúnia da história do Brasil, possivelmente muito maior da que levou Getúlio Vargas a morte”. O ex-presidente Vargas se suicidou em 1954 depois de ter sido atribuído como mandante do atentado contra um dos seus adversários políticos e ter renunciado por causa dessa crise política.

Lula também criticou o ex-juiz da Lava-Jato Sérgio Moro e o coordenador da força-tarefa Deltan Dallagnol. Hoje, os dois são candidatos nas eleições deste ano.

A única justiça federal que me condenou foi a do Moro, a pedido do Dallagnol, porque havia interesse político de não permitir que eu fosse candidato em 2018. A impressa brasileira deveria reconhecer que foi enganada durante 5 anos por um juiz mentiroso e por um procurador que criou uma quadrilha de procuradores.

O ex-presidente ainda focou seu discurso no fato de que os processos contra ele foram anulados, dizendo ser “um cidadão inocente”.

— Eu sou o único cara condenado por ser inocente. É proibido eu ser inocente. Porque, com todas as decisões favoráveis a mim, ainda tem gente que fala “mas você não foi inocentado”. Então, eu sou um cara condenado por ser inocente.

Transposição do São Francisco

Lula atacou Bolsonaro por usar o projeto de deslocamento das águas do rio São Francisco no Nordeste em sua campanha a reeleição. A transposição foi iniciada no governo do petista, mas finalizada pela gestão atual.

No programa de TV dele (Bolsonaro), ele colocou a mulher (Michelle Bolsonaro) para dizer que ele que levou água para o povo beber. Ele tem a insensatez de contar essa mentira, sem nenhum critério de vergonha para o povo. Ele sabe que a transposição do rio São Francisco, 88% da obra foi feita por mim e pela Dilma e ele vende a ideia como se fosse ele que tivesse levado. Ele não faz outra coisa a não ser brincar de mentir e provocar as instituições brasileiras.

Via O Globo.

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