Lava Jato: A delação do fim do mundo

Prestes a completar três anos no próximo dia 17, a Lava Jato passará por momentos decisivos nos próximos dias. A expectativa é de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente, ao menos, 30 novos pedidos de inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os protocolos já estariam prontos, aguardando somente a iniciativa do chefe do Ministério Público Federal (MPF). Entre os alvos, estariam os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), além de deputados e senadores do PMDB e PSDB, citados nas delações premiadas da Odebrecht. A ofensiva é fruto da chamada “delação do fim do mundo”, que incluiu acordos de delação premiada de 78 executivos da construtora, e promete uma reviravolta nos rumos das investigações e da política do País.

A lista com os candidatos a serem incluídos na lista de Rodrigo Janot é extensa. Os executivos da Odebrecht citaram mais de 130 lideranças políticas de variados partidos. A maior parte das denúncias é referente ao uso de caixa dois. Além de Padilha e Moreira Franco, outros ministros podem aparecer na relação, como Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia e Comunicações). Da bancada do PMDB no Congresso, a PGR pretende investigar o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), o líder do partido e ex-presidente, Renan Calheiros (AL), e os senadores Edison Lobão (MA) e Romero Jucá (RR), que se tornará o líder do governo na Casa, em substituição a Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), nomeado para o Ministério das Relações Exteriores. Os tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) também integram a lista.

Janot cogita, inclusive, incluir o nome de Michel Temer como alvo de inquérito. Pela Constituição, o presidente da República não pode ser investigado por atos cometidos fora do período do mandato. O peemedebista assumiu a presidência no ano passado, com o impeachment de Dilma Rousseff. Segundo as delações da Odebrecht, Temer teria participado de um jantar com Marcelo Odebrecht, em 2014, com o intuito de angariar recursos para sua campanha. Em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última quarta-feira, o empresário confirmou o episódio. A discussão interna na PGR é se o cargo de vice pode ser considerado um mandato presidencial. Nesse caso, o STF pode autorizar a investigação da participação de Temer no jantar de 2014.

Além do braço da operação no STF, as investigações locais ainda serão desmembradas em um número ainda maior de abertura de inquéritos. É provável que as apurações se espalhem para as esferas federais e estaduais, não ficando restritas apenas à Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, principais focos das investigações. Para este ano, ainda é esperada a conclusão de processos estratégicos para a operação, envolvendo nomes como o ex-presidente Lula (PT), o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB).

Via Folha PE

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