Juíza ordena prisão de Ronaldinho Gaúcho por tempo indeterminado

Depois de uma audiência que durou sete horas, a juíza Clara Ruíz Díaz acatou o pedido do Ministério Público paraguaio para que Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto de Assis, sejam presos por tempo indeterminado, que pode ser de até seis meses enquanto se investiga o que ela classificou como “grave delito que atenta contra os interesses da República”.

Ambos entraram no Paraguai com documentos falsos e não explicaram, segundo a Justiça, a razão disso. A defesa tentou pedir que a prisão fosse domiciliar, porém, para isso, teriam de apresentar documento que demonstrasse residência no país ou propriedade ou aluguel de algum imóvel.

“Eles não mostraram nenhum documento que demonstrasse que mereciam esse benefício da prisão domiciliar”, disse a magistrada. A defesa disse que irá recorrer.

A dupla saiu algemada e abatida da sala da audiência. Ronaldinho derramou algumas lágrimas ao passar pelos jornalistas. Escoltado por policiais, tropeçou nos tripés dos fotógrafos e câmaras, no curto corredor que teve de atravessar. Depois, entrou no veículo que o levou de volta à penitenciária Agrupación Nacional.

O promotor Osmar Legal pediu a prisão preventiva da empresária Dalia López, 48, anfitriã dos irmãos Assis no país sul-americano. Ela ainda não se apresentou ao Ministério Público ou à polícia e está sendo considerada foragida. A Promotoria investiga a ligação dela com os documentos falsos apreendidos com o ex-atleta.

Segundo o Ministério Público paraguaio, Ronaldinho e seu irmão entraram na quarta (4) no país portando passaportes e cédulas de identidade paraguaios falsos. Os números dos documentos apreendidos pertencem a outras pessoas, que estão detidas.

Ainda não se sabe o motivo que levou Ronaldinho e seu irmão a usarem os documentos falsos, em vez de seus passaportes brasileiros, para entrar no país. Eles também poderiam ter utilizado apenas o RG do Brasil.

A defesa de Ronaldinho e de Assis aponta o empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira como responsável por entregar a eles os passaportes falsificados. Ele está em prisão preventiva.

Duas mulheres, María Isabel Galloso e Esperanza Apolônia Caballero, donas das cédulas de identidade usadas para a adulteração, foram denunciadas e estão em prisão domiciliar.

Na quinta (5), o Ministério Público paraguaio havia decidido não acusar o ex-atleta e seu irmão pelo uso dos documentos, alegando que eles foram “enganados em sua boa-fé”. A punição seria feita apenas com multa ou prestação de serviço comunitário.

Na sexta, uma reviravolta aconteceu depois da audiência com o juiz Mirko Valinotti. Ele decidiu que o caso deveria ser remetido para a procuradora-geral do Estado, Sandra Quiñónez, que deve revisar a decisão inicial da Promotoria em até dez dias.

Poucas horas depois da audiência, ainda na noite de sexta, os irmãos foram provisoriamente detidos enquanto estavam no hotel Sheraton.

Ronaldinho passou a noite numa cela com seu irmão, um ex-deputado e o ex-presidente da Associação Paraguaia de Futebol, Ramón González.

Na manhã de sábado (7), o ex-atleta e Assis deixaram o local da detenção para comparecerem a uma audiência no Palácio da Justiça, com a juíza Clara Ruiz Díaz, e chegaram algemados.

Depois da audiência, o promotor Osmar Legal disse que a Procuradoria-Geral pediu a ratificação da decisão de manter Ronaldinho e seu irmão detidos no Paraguai alegando o risco de fuga, porque eles teriam recursos econômicos suficientes para deixar o país.

ACUSADO DE ENTREGAR DOCUMENTOS COLOCA CULPA EM EMPRESÁRIA

Wilmondes Sousa Lira, acusado de ter entregado passaportes falsos a Ronaldinho, depôs à Justiça nesta sexta (6).

Segundo seu advogado, a culpada pelos documentos adulterados é a empresária paraguaia Dalia López, responsável por levar o ex-jogador ao país. “Dalia López é quem tomou conta de tudo desde o princípio até o final”, disse Enrique Kronawetter.

Segundo o advogado, o empresário disse à polícia que, um dia antes, em visita ao aeroporto para acertar detalhes da segurança na sala VIP, o marido de Dalia, Luis Gauto, afirmou: “Não se preocupe [com a entrada no país], nós que mandamos”.

Wilmondes Lira, 45, tem duas empresas ativas registradas em seu nome em Brasília e uma inapta em Tocantins.
Advogado de Dalia, Hugo Volpe declarou na sexta que deixou a defesa de sua cliente.

Via Folha de S. Paulo

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