Grupo dono da Centauro compra Nike no Brasil por R$ 900 milhões

Varejista será distribuidora exclusiva dos produtos da marca no país, além de operar suas lojas e site. Empresa americana também vendeu operações na Argentina, Chile e Uruguai.

O grupo SBF, dono da Centauro, anunciou nesta quinta-feira (6) que comprou as operações da Nike no Brasil por R$ 900 milhões.

A varejista brasileira passará ser a distribuidora exclusiva dos produtos da marca no país – venderá itens de vestuário, calçados e acessórios para outras lojas – e também vai operar o site da Nike por ao menos 10 anos, bem como suas lojas físicas, podendo inclusive abrir mais unidades por um período inicial de 5 anos.

“O grupo tem na Centauro um excelente ativo de varejo multimarcas, mas quer mais do que a Centauro”, disse o presidente do SBF, Pedro Zemel, ao G1.

Questionado sobre se o SBF pretende ampliar a rede de lojas da Nike, Zemel disse que vê “muita oportunidade de crescimento em todas as alavancas”. Hoje, há 24 unidades da “Nike Factory” no Brasil, além de cerca de 15 operadas por parceiros. Já a Centauro tem 209 pontos de venda.

No passado, a Centauro já operou lojas físicas da Nike. Sobre uma possível renovação do acordo, inicialmente de 10 anos, Zemel afirmou que a visão da companhia é de “longuíssimo prazo”.

A Nike do Brasil, subsidiária da empresa americana que foi comprada pela SBF, teve receita líquida de aproximadamente R$ 2 bilhões no ano fiscal encerrado em 31 de maio de 2019.

Após a conclusão da operação, o SBF vai se dividir em três unidades de negócio: Centauro, Nike e a holding que administrará todas as suas plataformas. Elas serão separadas inclusive fisicamente, com sedes diferentes.

O grupo informou que vai financiar parte da compra e que contratou os bancos Santander Brasil, Itaú BBA e Bradesco BBI para estruturar a tomada dessa dívida. A transação ainda depende da aprovação de reguladores.

Disputa pela Netshoes

Em meados de 2019, o grupo SBF disputou com o Magazine Luiza a compra da concorrente online Netshoes, que acabou arrematada pelo varejista comandada pela família Trajano, por US$ 114,9 milhões.

Perguntado se a compra da Nike dá forças ao grupo para competir com a gigante, Zemel afirmou que diferentes empresas têm estratégias distintas, e que a da SBF é “ser um ecossistema do esporte” e focar nesse nicho, enquanto outras optam por ser “mais abrangentes e ter várias categorias”.

As ações da Centauro dispararam mais de 14% nesta quinta, a R$ 49,50. A empresa abriu seu capital na B3 no ano passado, quando arrecadou cerca R$ 772 milhões.

Venda na Argentina, Chile e Uruguai

Além da venda das operações no Brasil para o Grupo SBF, a Nike anunciou que fechou acordo para vender suas operações na Argentina, Chile e Uruguai para o Grupo Axo, do México.

A empresa não revelou as cifras envolvidas na operação.

O Grupo Axo é distribuidor exclusivo de mais de 30 marcas de roupas no México e no Chile, entre elas Calvin Klein, Coach, Guess, Hollister, Tommy Hilfiger e Victoria’s Secret. A empresa já tem parceria com a Nike e opera cinco lojas da marca no México.

Segundo a Nike, a venda das operações no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai permitirá que ela construa um modelo de negócios mais lucrativo, eficiente no uso de capital e que gera valor, além de otimizar as operações nesses países.

“A Nike gerencia negócios de distribuição bem-sucedidos ao redor do mundo e a expansão desse modelo no resto da América do Sul ajudará a impulsionar um crescimento sustentável e lucrativo”, disse o presidente da área de consumo e marketplace da empresa, Elliott Hill, em nota.

A “relação e comprometimento” da marca com atletas, clubes e federações nos quatro países permanece inalterada, segundo a companhia.

Por causa da transação, a Nike deve registrar uma despesa extraordinária de US$ 425 milhões com câmbio no terceiro trimestre do ano fiscal de 2020, que se encerra no fim de fevereiro.

Via G1

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