Governo do Ceará afasta 12 policiais envolvidos em tiroteio que deixou 14 mortos em Milagres

Agentes de segurança ficarão em serviços administrativos até a conclusão da investigação. Das 14 pessoas mortas, seis eram reféns, sendo cinco de uma mesma família.

O governador do Ceará, Camilo Santana, comunicou nesta segunda-feira (10) que 12 policiais que participaram do tiroteio que deixou 14 pessoas mortas na cidade de Milagres, no interior do Ceará, foram afastados das funções até a conclusão das investigações sobre o ocorrido. Os agentes de segurança afastados trocaram tiros com os assaltantes que tentavam roubar duas agências bancárias no Centro da cidade. Das 14 pessoas mortas, 8 eram suspeitos e seis reféns, sendo cinco de uma mesma família.

A tentativa de roubo aconteceu na madrugada de sexta-feira, no Centro de Milagres. De acordo com a Secretaria de Segurança, cinco criminosos foram baleados nas proximidades das agências e morreram. Outros dois suspeitos morreram no hospital e um oitavo envolvido durante confronto com policiais na cidade de Barro.

Após o ocorrido, as duas agências bancárias, do Banco do Brasil e do Bradesco, que seriam alvos dos bandidos, abriram normalmente nesta segunda-feira. Os bancos ficam localizados na Rua Presidente Vargas, no Centro do município, que tem 28 mil habitantes.

Segundo Camilo Santana, os policiais afastados ficarão trabalhando em serviços administrativos até a conclusão da apuração sobre o caso. Ainda conforme o governador, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) abriu uma investigação preliminar para analisar a conduta dos agentes.

Pedido de desculpas

Camilo Santana também se desculpou pela declaração feita após a ocorrência, quando ele disse que “o fato era que os criminosos estavam preparados para assaltar dois bancos e não conseguiram”. A fala não foi bem aceita pelos familiares dos reféns que morreram.

“De forma infeliz disse aquilo. Mas pedi desculpas à família. Quem me conhece sabe do meu respeito às pessoas e da minha defesa à vida”, afirmou.

Sobre o porquê de a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não ter sido acionada na ação de sexta-feira, Camilo comenta que não deve se antecipar.

“Todo resultado vai mostrar. Não quero me antecipar, a informação que chegou imediatamente na sexta não dizia quem era refém ou não”, complementa.

Criminosos fizeram reféns em direção a bancos em Milagres. Seis morreram, além de oito suspeitos — Foto: Arte/G1

Investigação

 

O governador do Ceará afirmou, na tarde de domingo (9), que criou “grupo especial” realizar a investigação sobre o caso. O chefe do executivo estadual enfatizou que a operação será “rigorosa e isenta”.

“Foi criado um grupo especial de investigação para o caso, com a Delegacia Regional de Brejo Santo, Delegacia Municipal de Milagres e apoio da Delegacia de Roubos e Furtos e do Departamento de Polícia do Interior Sul”, afirmou.

Até o momento, oito suspeitos de participação na quadrilha já foram presos em flagrante e 24 pessoas foram ouvidas, conforme detalhou o governador. As armas dos suspeitos e dos policiais envolvidos na ação foram recolhidas pela Polícia Civil para serem periciadas, informou.

Polícia não sabia sobre reféns

Em entrevista exclusiva ao Fantástico, neste domingo, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, se eximiu de fazer qualquer juízo de valor sobre a ação da polícia na cidade de Milagres. André Costa afirmou que a polícia não sabia que os assaltantes haviam feito reféns.

“Nada foi repassado em relação a reféns. Nas informações da investigação que vieram de Sergipe, nada foi tratado acerca da existência de reféns”, afirmou.

“A gente precisa aguardar a dinâmica e a apuração do que aconteceu realmente. É uma investigação isenta, imparcial, séria, técnica. Então, é feita pela Polícia Civil essa investigação. E também sempre com suporte fundamental, e o trabalho técnico e científico da Pefoce. O exame de local de crime, o exame de imagens do que tem na cidade. A gente precisa aguardar a conclusão dessas imagens e das investigações para emitir algum juízo de valor”, acrescentou o secretário.

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