Falta de matéria-prima na indústria provoca atrasos nas entregas e pressiona preços

No setor de móveis, 81% das fábricas estão com dificuldade para atender os pedidos, principalmente pela falta de insumos. E não é só lá: 74% das indústrias de máquinas e equipamentos também estão nessa situação.

Por causa da pandemia, está faltando matéria-prima na indústria. Além de atrasar a entrega para os consumidores, isso também pressiona os preços.

O produto que o cliente quer pode não chegar no prazo que ele espera.

“Tem cliente que acaba saindo frustrado e tem cliente que acaba se acostumando, então vai muito de cliente para cliente”, explica uma comerciante.

Desde que a pandemia começou, é preciso ficar mais dentro de casa. E muita gente decidiu investir um pouco no próprio lar. Mas quem vai hoje a uma loja disposto a comprar um sofá ou uma mesa pode ter que esperar até março de 2021 para receber o móvel. É o dobro do tempo normal. E o problema está na indústria.

A associação que reúne as fábricas de móveis explica que estão faltando matérias-primas.

“Chapas de painéis de madeira, o MDP, o MDF, o plástico, papel, papelão, ferragens, vidros, acessórios, enfim, entre tantos”, conta Maristela Longhi, presidente da Abimóvel.

No setor de móveis, 81% das fábricas estão com dificuldade para atender os pedidos, principalmente pela falta de insumos. E não é só lá: 74% das indústrias de máquinas e equipamentos também estão nessa situação. Em outros setores, como de produtos têxteis, veículos, celulose e papel, plástico, metais e borracha, a maior parte das fábricas também está com dificuldade para atender a demanda por falta de matérias-primas, segundo levantamento exclusivo da Confederação Nacional da Indústria.

De tudo o que a indústria brasileira produz, metade é vendida para a própria indústria: um setor abastece o outro. Por isso, essa falta de matérias-primas freia a recuperação da nossa economia.

“A produção poderia ter crescido bem mais do que cresceu nesses últimos meses, não fosse esse problema. Ele tem um impacto sobre o preço, na medida que os consumidores começam a disputar por esses produtos: a lei do mercado, esses preços começam a subir”, avalia Renato da Fonseca, gerente de Economia da CNI.

A falta de matérias-primas teve origem no começo da pandemia. A indústria parou ou reduziu a produção. A economia começou a reagir antes do que se imaginava e pegou a indústria com poucos estoques.

“Em grande medida, devido às medidas emergenciais que foram adotadas, com destaque para o auxílio emergencial, cujo valor de R$ 600 implicou, para muitas famílias, um ganho de renda adicional”, afirma Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

O comércio eletrônico e as entregas em casa aumentaram.

“Isso fez com que o consumo, a demanda por embalagens, crescesse muito nos últimos meses. Isso pressiona as cadeias, por exemplo, produtores de plástico ou de papel e celulose”, explica Rafael Cagnin.

E a produção só deve voltar ao normal em 2021.

“A gente já vai ter, no segundo trimestre, uma situação de maior normalidade, e aí o efeito preço também começa a se reduzir e, felizmente, se tudo correr bem, a gente tem apenas um pico inflacionário e não um efeito duradouro da inflação”, avalia Renato da Fonseca.

Via Jornal Nacional

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