Facebook vai alertar usuários que interagiram com notícias falsas sobre a Covid-19

Facebook anunciou nesta quinta-feira que mostrará alertas retroativos para usuários que tiverem lido, assistido ou compartilhado conteúdos com informações falsas sobre a pandemia de Covid-19. As notificações, que deverão começar a ser enviadas nas próximas semanas, vão redirecionar para o site da Organização Mundial da Saúde, onde há uma seção para esclarecer fatos sobre a doença.

A nova política, no entanto, se aplicará apenas às informações falsas que possam contribuir para “danos físicos iminentes”, como conteúdos sobre “curas” não comprovadas ou declarações de que o distanciamento social não seria efetivo. Até o momento, a política da plataforma vinha sendo apenas de deletar postagens deste tipo.

“Nós queremos conectar as pessoas que possam ter interagido com informações falsas sobre o vírus com a verdade dita por fontes com autoridade, para o caso de voltarem a ver ou ouvir novamente tais afirmações fora do Facebook”, escreveu o vice-presidente de integridade da empresa, Guy Rosen.

O Facebook, no entanto, mantém no ar outros tipos de desinformação sobre a doença, como teorias da conspiração sobre sua origem. Para combatê-las, recorre a uma rede parceira de organizações independentes de checagem de dados: quando os checadores constatam uma informação falsa, a plataforma adiciona um alerta no conteúdo, limita seu alcance e envia alertas para aqueles que a compartilharam.

As mudanças foram motivadas por uma pesquisa feita pela rede de mobilização Avaaz, compartilhada com a plataforma no último dia 8. Ao analisar mais de 100 exemplos de desinformação em seis idiomas, o grupo constatou que os conteúdos foram visualizados por aproximadamente 117 milhões de pessoas e compartilhados 1,7 milhões de vezes.

Entre eles, estavam informações já comprovadamente falsas, como que pessoas negras estariam imunes à Covid-19 e que gargarejos com sal ou vinagre seriam eficientes para prevenir o contágio. Em resposta, a plataforma retirou do ar 17 das postagens sinalizadas pela Avaaz, que acumulavam cerca de 2,4 milhões de visualizações.

O levantamento também constatou falhas no sistema de checagem, afirmando que o Facebook chega a levar 22 dias para pôr avisos em informações falsas — período no qual os conteúdos circulam normalmente. Segundo a pesquisa, 41% dos exemplos analisados permanecem na plataforma sem qualquer mensagem de alerta e, quando há avisos, eles não são aplicados igualmente em todos os idiomas. Cerca de 68% do conteúdo em italiano, 70% do conteúdo em espanhol e 50% do conteúdo em português não têm notificações, em comparação com 29% do conteúdo em inglês.

O Facebook, por sua vez, diz que as constatações não retratam o trabalho que vem fazendo recentemente e que busca aumentar sua rede de checadores. Em uma postagem em sua conta pessoal, Mark Zuckerberg defendeu o trabalho da plataforma, afirmando que o sistema em vigor está funcionando e que 95% dos usuários optam por não visualizar um conteúdo que está marcado como “informação falsa”.

Amplamente criticada pela maneira como lida com conteúdos inverídicos, em particular políticos, a rede vem sendo mais eficiente no combate à pandemia. Segundo a ONG First Draft News, citada pelo jornal The Guardian, as plataformas sentem que podem ser muito mais agressivas no combate à desinformação contra o coronavírus. Desmenti-las sem ter viés político é mais fácil: basta encaminhar o usuário para órgãos governamentais, por exemplo.

Via O Globo

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