Estiagem prejudica produção de mel que tem queda de mais de 60% em Moreilândia, PE

Apicultores de Moreilândia, no Sertão de Pernambuco, tiveram este ano uma das piores safras de mel, uma queda de mais de 60% na produção. O motivo foi a chuva que não foi suficiente para a floração da caatinga. De acordo com os apicultores, as abelhas ficaram quase que sem matéria-prima para produzir o mel. Pernambuco produz cerca de duas mil toneladas de mel por ano. Moreilândia já chegou a produzir até 150 toneladas por ano.

No distrito de Caririmirim estão instalados mais de 50 apiários, de onde sai a maior parte da produção de mel de Moreilândia. Em uma propriedade com quase duzentas coméias, os apicultores não encontraram mel. No local, a situação está mudando a cada dia. “Não tem nada, todas elas estão secas. Exatamente por causa da falta de chuva”, diz o apicultor Sebastião Moraes.

Em outro apiário que pertence a Antônio Carlos, a situação também é preocupante. Das 150 coméias que ele tem, só foi encontrado mel em cinco delas.“Não foi muito bom não, por causa da seca que a gente estava em uma expectativa boa, mas a chuva cortou no momento que a produção iria alavancar”.

O longo período de estiagem é o principal motivo para a baixa na produção de mel. “Infelizmente não veio o ingrediente principal que é a chuva. Para produzir o néctar e dar a florada, a gente, a abelha colhe e tem uma boa produção”, relata o apicultor José Dias.

Sem chuva, falta alimento para as abelhas e os apicultores são obrigados a produzir ração para não perder os enxames. ”A gente encontrou essa solução e graças a Deus está tirando um proveito melhor das abelhas e a gente não está perdendo tanto enxame com essa alimentação”, diz Antônio Carlos de Montes.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo com a seca intensa, o Sertão do Araripe, ainda é um dos maiores produtores de mel do país, e é responsável por 80% da produção do estado.

Na associação dos apicultores, onde o mel é processado o trabalho caiu em mais da metade e a expectativa é de chegar só a 30 toneladas até o fim do ano. “Esses decantadores aqui viviam cheio direto e tinham funcionários bastante aqu, mas com essa seca, aqui ou acolá, é que a gente chama uma pessoa para trabalhar aqui”, conta o presidente da Associação dos Apicultores de Moreilândia, Agostinho Peixoto.

Por conta da situação teve apicultor que já desistiu da profissão e resolveu apostar em outro tipo de trabalho, como é o caso do seu josé beto que agora está cultivando hortaliças. “Ultimamente eu tenho plantado mudas, vendido mudas, trabalhado em outras atividades, feito outras empreitas e muita gente está saindo daqui para trabalhar na cidade, nas construções”, explica José Beto Oliveira.

O secretário de agricultura de Moreilândia, João Danúsio, diz que a situação é preocupante, mas que o município tem criado algumas alternativas para ajudar os apicultores. “A gente disponibiliza o transporte na hora que eles precisam. Estamos vendo a necessidade da compra de caixas d´agua até os apiares para que as abelhas não venham morrer de sede e já se percebe a necessidade de compra de ração para que essas abelhas não venham morrer de fome”.

Mesmo com as dificuldades, Francisco Lima que é apicultor há sete anos, não pensa em desistir, mas diz que sente saudades de outras épocas. “De 2011, foi uma época boa, que choveu controlado e agente tirou uma colheita 100%. A época controlada você tem uma boa colheita”, relembra.

Via G1

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