Escritora florestana Andrea Ferraz lança novo livro no Recife

Curto e intenso. Os dois adjetivos descrevem bem a narrativa de “Guardem as Cinzas”, segundo livro da premiada escritora pernambucana Andrea Ferraz, lançado nesta teça-feira (18), às 20h, no Centro Cultural Raimundo Carrero, na Avenida João de Barros, 1.468, na Boa Vista. O lançamento do livro “de oficina literária”, como define Ferraz, vai contar com a presença do próprio Carrero, que também deve comentar sobre o processo que acompanhou de perto.

“Para ele, também é muito importante, porque é um trabalho de oficina”, explica Ferraz, que publicou no ano passado “A Sutileza do Sangue”, premiado pela Academia Pernambucana de Letras (APL) como melhor romance do ano de 2015 (quando ela o escreveu). A temática familiar reaparece na obra da autora, mas sob outra problemática.

“Guardem as Cinzas” narra a história de um triângulo amoroso violento entre Antônio, Paizinha e Maria Santa na pequena Vila de Olho Calado. Narrado em discurso indireto livre, o solilóquio (similar, mas com sutis diferenças do monólogo) de Antônio vai desvelando os fatais acontecimentos. “O livro tem todos os elementos de uma tragédia grega. É baseado numa história que ouvi, e me impressionou muito. Claro que eu só peguei o gancho principal, elaborei os personagens, bebi de outras fontes”, conta.

Andrea se inspirou na narrativa do espanhol “Ana-não”, de Agustín Gómez Arcos. “Uma mulher de 78 anos vai levar um bolo de amêndoas para o filho que está preso. O país havia passado por uma situação muito tensa, que matou seu outro filho e marido.

Ela se mudou para o sul e seu garoto está preso no norte. Durante o trajeto, que ela faz a pé, ela conta toda a sua história. E o livro é isso, simples e forte”, recorda. “No meu livro, é uma história de um triângulo amoroso. Homem casado, mulher grávida, outra vai ajudar nos afazeres de casa. Quando a mulher entra em trabalho de parto, ele segue em busca da parteira e o livro é toda a trajetória desse homem nesse caminho, refletindo sobre suas angustias e inquietações”, detalha Ferraz.

A escritora defende que, ainda mais importante que a história, é a forma como ela é contada. “Foi uma obra escrita muito conscientemente. Com técnicas sofisticadas, que eu sabia como estava aplicando”, descreve. “Ele é curto e muito intenso. Com narrativa acelerada, mas para ser lido com calma, observando os detalhes. É a literatura pura, como arte. O importante não é tanto o que acontece, mas como acontece. Um detalhe sutil, mas muito importante”, pontua. O livro custa R$ 43.
Via Folha de Pernambuco

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