Escolas integrais de Pernambuco inspiram o País

As escolas em tempo integral, hoje aclamadas pelos bons resultados, começaram em Pernambuco, entre 2003 e 2004. Na época, o atual ministro da Educação, Mendonça Filho, era vice-governador. Nos anos seguintes, mesmo com a mudança de governo, o modelo foi mantido e fortalecido, transformando-se em política pública. Os frutos dessa visão de futuro são colhidos agora. Em dez anos, a rede pública do Estado saiu da 22ª colocação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para a primeira. Diante do êxito, o Ministério da Educação (MEC) pretende nacionalizar a experiência dentro da reforma do ensino médio.

Em 2016, foi lançado o Programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral, por meio do qual o MEC passou a apoiar a criação de unidades de ensino nesse modelo nas unidades federativas. Em decorrência disso, a oferta de vagas em período integral mais que será duplicada nos próximos três anos. Em meados de 2016, o total era de 308 mil em todo o País. Já em outubro daquele ano, foram ofertadas mais 266 mil vagas para o ciclo 2017-2020, e agora, após a publicação da portaria que instituiu o programa, outras 257 mil vagas serão criadas, elevando o número global de vagas em escolas integrais para 831 mil.

O estudante Vinícius Veloso, 16 anos, que cursa o 3º ano na Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Professor Cândido Duarte, em Apipucos, Zona Norte do Recife, é uma testemunha dos benefícios do modelo. Apesar de morar no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, a mais de 30 quilômetros de distância da escola, e de já ter tido oportunidade de mudar para outro colégio, optou pela continuidade da trajetória que vem construindo dentro do ensino integral. “Acordo às 5h30, saio de casa às 6h, vou de carro até o Derby e, de lá, pego um ônibus para vir para cá. Realmente é uma rotina puxada, só saio às 17h, mas gosto, porque a gente aprende convivendo com as pessoas. Vira uma família: os alunos são como nossos irmãos, os professores, como nossos pais, e assim a gente aprende juntos”, reflete o aluno, que tentará uma vaga em Jornalismo a partir dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado em novembro passado.

Eduardo Deschamps é presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), que revisará a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), da qual dependem as diretrizes para que o novo ensino médio seja realidade nas redes de ensino. Ele destaca o êxito de Pernambuco ao investir num novo modelo de escola. “Quando a gente olha a evolução dos resultados do ensino médio nesse período, você observa que houve um salto significativo. É possível ver uma curva de crescimento muito significativa e consistente do ponto de vista da qualidade educacional após o crescimento das escolas em tempo integral em Pernambuco”, enfatiza.

O secretário executivo de Educação Profissional de Pernambuco, Paulo Dutra, afirma que é gratificante ver uma experiência local inspirar outros estados, inclusive de regiões mais desenvolvidas do País. “Hoje, Pernambuco ocupa o primeiro lugar no Ideb, mas o mais importante é ter a certeza de que o estudante vive e passa mais tempo na escola. Nós temos uma escola mais atrativa. Hoje o índice de evasão dessas escolas é de 1.7. Em 2007, de cada 100 estudantes, 24 abandonavam o ensino médio, e hoje, de cada 100, menos de dois abandonam. Fica claro que a escola pernambucana se tornou diferenciada”, analisa.

Via Folha PE

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