Escola de Itacuruba concorre a prêmio nacional de gestão escolar

Escola de Referência em Ensino Médio Maria de Menezes Guimarães está entre as cinco finalistas do Prêmio Gestão Escolar. Anúncio da vencedora será quinta-feira (10)

Divulgação
Professores levaram material para alunos na zona rural, de quilombo e aldeias indígenas que não têm acesso à web – FOTO: Divulgação

As estratégias desenvolvidas para manter o ensino e a aprendizagem na pandemia levaram cinco escolas públicas à final do prêmio Gestão Escolar 2020.

A escola vencedora será anunciada nesta quinta-feira (10), às 16h30.

O prêmio é promovido pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação a Ciência e a Cultura (OEI).

Ao todo, mais de 8 mil escolas se inscreveram e, destas, 5 foram selecionadas como as representantes de cada região do país. Elas estão no Amazonas, Distrito Federal, Paraná, Pernambuco, e São Paulo. Elas já foram premiadas com R$ 10 mil, cursos de especialização da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) e 7 notebooks e 10 tablets cada, cedidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e agora concorrem ao prêmio de R$ 30 mil.

Escola Estadual Professora Maria de Menezes Guimarães, uma das finalistas do Prêmio Gestão Escolar 2020.- FOTO: Divulgação

Entre as ações, estão a organização do conteúdo para as aulas remotas, manter contato com as famílias, ensinar pais e mães a usaram as plataformas, engajar os alunos a distância e até criar emails para os estudantes acessarem as plataformas.

As escolas finalistas são:

Escola Municipal dr. Sérgio Alfredo Pessoa Figueiredo, de Manaus (AM)
Escola Classe 15 de Ceilândia, em Brasília (DF)
Colégio Estadual do Patrimônio Regina, de Londrina (PR)
Escola Estadual Professora Maria de Menezes Guimarães, de Itacuruba (PE)
Escola Orlando Maurício Zambotto, de Jarinu (SP)
Confira abaixo as ações desenvolvidas em cada uma delas:

Escola Municipal dr. Sérgio Alfredo Pessoa Figueiredo, Manaus (AM)

ensino fundamental I
tempo integral
216 alunos
10 turmas
15 professores
Em Manaus, os alunos da Escola Municipal Dr. Sérgio Alfredo Pessoa Figueiredo têm aulas em ateliês e laboratórios de ciência e informática, aprendem culinária, cultivam um jardim sensorial. Quando a pandemia impôs o fechamento da escola, foi preciso encontrar formas de manter contato com os alunos e garantir a aprendizagem.

A escola está em uma área de alta vulnerabilidade social e econômica. Com a pandemia, a população ficou ainda mais fragilizada: 44% vivia com auxílio emergencial ou bolsa-família, segundo uma pesquisa feita pela escola.

Neste cenário, o ensino remoto se tornou ainda mais desafiador. Para identificar as dificuldades, a escola mapeou as famílias, estabelecendo contatos. Os que não tinham acesso à internet foram alcançados por ligação telefônica ou visita presencial. A escola implementou momentos de escuta, atendimentos psicológicos, e até entrega de bolos nas casas dos aniversariantes.

A internet da escola foi liberada para acesso gratuito em uma praça em frente à instituição. O laboratório de informática ficou aberto para atender os alunos. Quem precisasse, poderia retirar na escola apostilas com as atividades.

A escola liderou grupos de tutores familiares, que eram funcionários e voluntários, para acompanhar os estudos das crianças e apoiar emocionalmente os adultos. Ao fim, 45 alunos foram alfabetizados.

Escola Classe 15 de Ceilândia, Brasília (DF)

ensino fundamental II
tempo integral
524 alunos
21 turmas, sendo 6 inclusivas
57 professores
A Escola Classe 15 Ceilândia teve à frente o desafio de continuar oferecendo o ensino integral a distância, sem deixar para trás dos alunos com deficiência que fazem parte de seis turmas inclusivas na escola. A escola atende crianças de 6 a 10 anos.

“Foi muito desafiador, a princípio, porque como garantir uma escola em tempo integral no ensino remoto?” Como iniciar e concluir o processo de alfabetização? Como atender estudantes com necessidades especiais?”, afirma a diretora Mariângela Oliveira.

Em busca de respostas a essas questões, a escola desenvolveu várias estratégias, desde a criação de emails para as crianças mediante autorização escrita dos pais, para que elas pudessem acessar as plataformas on-line, até “treinamento” para os pais aprenderem a usar as plataformas, além de trabalhar o vínculo com professores e familiares.

s ações renderam resultados: 65% dos alunos participaram das aulas on-line e fizeram as atividades na plataforma e 29% dos alunos com deficiência auditiva tiveram atendimento presencial 2 vezes por semana, onde havia um intérprete em Língua Brasileira de Sinais (Libras), respeitando protocolos sanitários.

“Após nove meses no ensino remoto, e com perspectiva de ficar até janeiro, nós percebemos que as crianças estão mais autônomas. 70% das crianças do primeiro ano ja estão lendo e escrevendo. As crianças estão mais responsáveis na realização das atividades da plataforma e atividades práticas”, afirma Oliveira.

Colégio Estadual do Patrimônio Regina, Londrina (PR)

ensino fundamental II e médio
tempo parcial (manhã e tarde)
247 alunos
10 turmas
25 professores
O Colégio Estadual do Patrimônio Regina fica em um distrito rural de Londrina (PR). Para chegar até lá, os alunos chegavam a se deslocar 10 km em estradas rurais, pelo transporte escolar. A pandemia paralisou tudo.

A equipe se reuniu para identificar os problemas e adequar o orçamento. Foi preciso levantar quantas famílias tinham conexão à internet, ver quantos professores estavam familiarizados com as ferramentas on-line e quantos tinham equipamentos para isso.

A experiência prévia em manter grupos com pais e alunos no WhatsApp e a comunicação por meio de uma página de Facebook da escola ajudou a equipe pedagógica a manter contato com alunos e famílias.

A plataforma virtual de aulas da Secretaria Estadual de Educação garantia o acesso às aulas on-line e, além disso, os professores faziam seus vídeos e publicavam no YouTube.

Foi preciso mudar as atividades “mão na massa” e transportá-las para o ambiente virtual. A escola passou a adotar jogos on-line, quiz, plataformas de matemática, vídeos, aulas ao vivo.

Os resultados demonstram que a escola alcançou 100% dos alunos, com 84% em interação on-line e 26% com tarefa física.

Escola Estadual Prof. Mª de Menezes Guimarães, Itacuruba (PE)
Interior da Escola Estadual Prof. Mª de Menezes Guimarães, Itacuruba (PE), uma das finalistas do prêmio Gestão Escolar 2020. — 

ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA)
tempo integral e noturno
331 alunos
18 professores
A Escola Estadual Professora Maria de Menezes Guimarães fica em Itacuruba, no sertão de Pernambuco, às margens do Rio São Francisco e a 464 km da capital, Recife.

É a única escola pública estadual do município e, por isso, é referência no ensino médio.

Atende a alunos carentes, que moram tanto na área urbana quanto rural da cidade. Alguns têm origem indígena e quilombola, e a maioria é formada por jovens criados apenas por suas mães ou avós, segundo a equipe escolar que a inscreveu no prêmio.

Para atender aos alunos no ensino remoto, a escola contou com o apoio da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, que criou uma plataforma com aulas diárias. A escola complementou com um projeto de lives no Instagram, com professores da instituição e também convidados.

Para atender alunos que não tinham conexão com a internet, a equipe da escola imprimia e levava as atividades para os alunos, pagando com recursos próprios. Uma das alunas, portadora de necessidades educacionais especiais, também recebeu material apropriado para o desenvolvimento dela.
Além disso, a escola fez parceria com uma rádio local e criou o programa Fala, Erem (sigla pela qual a escola é conhecida, por ser referencia em ensino médio), levando conteúdo até as regiões mais distantes.

Escola Orlando Maurício Zambotto, Jarinu (SP)
ensino fundamental, médio e jovens e adultos
período parcial (manhã, tarde, noite)
1073 alunos
33 turmas
54 professores
A Escola Orlando Maurício Zambotto, em Jarinu (SP), fica em uma região afastada do centro da cidade e muitos alunos vivem em chácaras e sítios, sem sinal de internet. A escola criou grupos de WhatsApp por turma, e a partir disso foi possível mapear os recursos tecnológicos de cada aluno para planejar o ensino durante a pandemia.

Com o apoio de um documento orientador feito pela Secretaria Estadual de Educação, e de acordo com as aulas no Centro de Mídias, também do governo estadual, a escola reorganizou os horários das aulas para permitir que eles mantivessem vínculo com os professores da escola.

Os alunos receberam atividades todas as semanas, por disciplina. Os roteiros de estudos foram compartilhados nos grupos de pais para que conhecessem a rotina dos filhos.

Para ajudar os alunos com problemas no estudo remoto, a escola estimulou alguns deles a serem tutores de classe. Foram selecionados 33 estudantes, um de cada turma, para facilitar o trabalho pedagógico e desenvolver a autonomia. Além de liderança, o aluno escolhido deveria ter conexão à internet e familiaridade com as ferramentas para auxiliar os colegas.

Veja mais no Youtube TV Escola

Via G1 Educação

Artigos relacionados

Deixe um comentário