Em meio a aproximação entre PT e PSB, Paulo se encontra com Lula em São Paulo

O encontro do governador Paulo Câmara (PSB) com ex-presidente Lula (PT), em São Paulo, ontem, tem reflexos diretos em Pernambuco, mas é também mais um gesto da formação de uma ampla frente de partidos de centro-esquerda. Entre socialistas e petistas o comentário é de que todos estão empenhados em construir um movimento de oposição ao governo do presidente Michel Temer. Na próxima terça, inclusive, PT, PSB, PDT, PSol e PCdoB lançam, às 15h, na Câmara dos Deputados, o manifesto “Unidade para Reconstruir o Brasil”, que defende uma base de diálogo e convergência entre eles para além das alianças eleitorais que vierem a ser formadas.

Em nota, divulgada ontem, após o encontro com Paulo Câmara e a viúva do ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos, o Instituto Lula informou que as cinco agremiações “criaram uma frente para discutir pontos em comum para a superação da atual crise política pela qual passa o Brasil”.

De acordo com o ex-prefeito do Recife João da Costa (PT), a visita mostra que o esforço em montar um alicerce mais amplo em uma conjuntura que pode resultar em aliança ou não. “O PSB esteve afastado em determinado momento, mas agora quer retomar o diálogo com o campo popular, com partidos de centro-esquerda”, disse. O petista frisou, ainda, que a tática eleitoral do PT nos estados terá que passar por uma decisão da Executiva Nacional.

Grande aliança
No lado do PSB, já há quem aposte numa grande aliança em torno de Lula. Ventila-se o nome do ex-governador da Bahia Jacques Wagner ou do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que participou do encontro ontem, juntamente com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Em reserva, um palaciano disse que as conversas caminham para o apoio a Lula. “Em torno de Lula ou do nome que ele indicar, caso ele seja impedido de disputar a Presidência”, disparou. O Palácio quer Lula como cabo eleitoral para levantar o palanque de Paulo Câmara.

O alinhamento entre os partidos será reforçado pelo lançamento do manifesto, de autoria das fundações Lauro Campos (PSB), Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), Perseu Abramo (PT), Maurício Grabois (PCdoB) e João Mangabeira (PSOL). Mas o ato deverá reunir, também, os presidentes de cada sigla, líderes de bancada e parlamentares, assim como representantes de movimentos sociais, sindicais, intelectuais e artistas. O documento prega, ainda, a “garantia da realização das eleições de 2018, com pleno respeito à soberania popular; o “Estado nacional forte”, indutor do crescimento econômico com fortalecimento da Petrobras e BNDES.

Para o cientista político Rudá Ricci, a esquerda se mostra mais mobilizada para as eleições do que a direita. “Na direita, você tem o Geraldo Alckmin (PSDB) atacando Bolsonaro e FHC apoiando o nome de Huck. Todo mundo se ataca e ninguém se entende. Na esquerda, pelo menos, as articulações estão se encaixando. A disputa no primeiro turno é sobre quem vai comandar a esquerda. O PCdoB deve sair com candidatura própria, porque precisa alavancar as candidaturas a deputado federal para sobreviver. E o PSOL quer lançar um nome mais popular, por isso vai com o Guilherme Boulos”, avaliou.

Sobre a aproximação entre PT e PSB, o especialista afirmou que “a volta do PT com o PSB é uma reversão muito forte”. A cúpula socialista votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, apoiou o PSDB em 2014, e só voltou ao campo da esquerda após as denúncias contra o presidente Temer.

Via FolhaPE

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