Colisão: Acusado relata dependência química em dia decisivo de julgamento

O terceiro dia do julgamento que trata do acidente de trânsito que causou a morte de três pessoas e provocou ferimentos graves em mais duas vítimas, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, em novembro de 2017, já começou na manhã desta quinta-feira (17). Neste momento, o acusado João Victor Ribeiro de Oliveira é interrogado no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, na Área Central do Recife. O júri é presidido pela juíza de Direito Fernanda Moura de Carvalho, titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital. Durante o interrogatório, o acusado relatou suas vivências com drogas ilícitas.

O acusado disse em seu depoimento que reprovou o Teste Psicotécnico para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), supostamente por não ter tomado os remédios para ansiedade. Ele também relatou que usava drogas ilícitas quando não se medicava. 

Eu tinha entre 13 e 15 anos quando comecei a usar cocaína. Eu não gostava de beber. Foi quando eu comecei a vender as coisas de casa para comprar cocaína. Minha mãe não tinha mais controle sobre mim. Ela ligou para o meu pai e eu fui morar com ele“, disse o acusado em depoimento na manhã de hoje.

João Victor contou que o consumo de bebida alcoólica e drogas ilícitas se intensificou por volta dos 19 anos, quando passou a usar maior quantidade de cocaína. “A família tinha um bar perto de casa, foi quando eu comecei a beber com o meu pai, com 15 anos. Quando eu comecei a beber eu era tranquilo, mas piorou quando eu entrei na faculdade. Eu tinha um cartão universitário, que minha mãe abastecia com R$ 500,00 reais, era a minha mesada. O meu pai quebrou esse cartão quando percebeu que eu estava bebendo muito. Quando ele quebrou esse cartão, eu passei a pegar carona para ir para a faculdade e guardar o dinheiro da passagem de ônibus para beber“.

Relação com a família

Durante o interrogatório, João Victor foi questionado sobre sua relação com a família. “Meu pai nunca passou a mão na minha cabeça, ele sempre foi rigoroso comigo. Eu causei essa rigorosidade no meu pai porque eu mentia para ele. Dizia que não bebia, mas estava bebendo. Dizia que não estava usando drogas, mas usava”, disse.

O réu disse em seu depoimento sobre suas atividades ilícitas com o uso de drogas em festas. “Até um dia que eu fui para uma rave em João Pessoa depois de passar o dia inteiro bebendo com o meu pai e usando cocaína sem ele saber. Fui com a minha namorada Amanda, contra a vontade dela, tarde da noite. Quando cheguei, escondi a droga (cocaína) no pé. Lá eu provei o Ecstasy pela primeira vez. Ali eu precisei ser hospitalizado por um princípio de overdose. Quando eu cheguei em casa eu pedi ajuda para a minha mãe. Eu disse: mãe, me ajuda porque eu vou morrer. Eu vou me matar com essas drogas”, falou em seu depoimento. 

Relembro o casoJoão Vitor foi responsável por uma colisão de trânsito que provocou três mortes no bairro da Tamarineira, no dia 26 de novembro de 2017, e pode ser condenado a mais de 20 anos de prisão. O réu cortou o sinal vermelho do cruzamento entre a Avenida Rosa e Silva e a Rua Cônego Barata quando dirigia um Ford Fusion a 107km/h (num trecho com máxima de 60km/h) e carregava no sangue o triplo do volume de álcool permitido por lei. 
Trafegando no Toyota Rav-4 que foi atingido em cheio pelo carro do réu numa batida em “T” (quando um veículo se choca com sua parte frontal contra a lateral de outro), a funcionária pública Maria Emília Guimarães da Mota Silveira, 39, seu filho Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, 3, e a babá Roseane Maria de Brito Souza, 23, que estava grávida, morreram. 

Pai de Miguel Filho e esposo de Maria Emília, o advogado Miguel da Motta Silveira sobreviveu ao desastre com ferimentos graves, assim como Marcela Guimarães da Motta Silveira, filha do casal. Ambos ainda se recuperam de sequelas físicas e psicológicas.

Via Diário de Pernambuco

Artigos relacionados