‘Caminhos da Memória’: Hugh Jackman estrela nova ficção científica

Depois de colocar um fim nas especulações sobre um possível retorno ao papel de Wolverine, Hugh Jackman está de volta em um novo filme de ficção científica. “Caminhos da Memória”, que a Warner Bros. lança hoje nos cinemas brasileiros, traz o ator australiano em cenas de ação e suspense, além de doses cavalares de “sofrência”.

No primeiro longa-metragem escrito, produzido e dirigido por Lisa Joy (co-criadora da série “Westworld”, da HBO), o astro de Hollywood interpreta uma espécie de investigador da mente. O ex-combatente Nick Bannister trabalha vendendo às pessoas a possibilidade de reviverem o passado. A partir de uma máquina, ele conduz os clientes ao encontro de suas lembranças mais íntimas.

O destino do personagem solitário muda quando ele resolve atender a misteriosa Mae (Rebecca Ferguson), uma cantora de bar com um pedido aparentemente simples: descobrir onde esqueceu suas chaves de casa. O encontro casual acaba se transformando em um tórrido romance, mas a mulher some da noite para o dia. Obcecado, Bannister passa a buscar qualquer pista sobre o paradeiro da amada, seja na própria memória e na de outros.

Ancorada em uma visão de futuro catastrófica, a trama mostra uma Miami sofrendo as consequências do aquecimento global, após um período de guerra. O calor fez a população trocar o dia pela noite e o mar tomou conta de boa parte da cidade. As poucas áreas secas foram compradas pelas famílias ricas, enquanto os mais pobres sobrevivem nos bairros alagados, temendo o avanço cada vez mais acelerado das águas. Os abusos cometidos e a crescente insatisfação do povo formam o perfeito cenário para o caos social.

Apesar de criar um universo rico em possibilidades, o roteiro de “Caminhos da Memória” acaba desperdiçando a oportunidade de explorá-lo de forma mais aprofundada. As temáticas social e climática surgem um tanto negligenciadas, servindo mais como pano de fundo para a trama investigativa.

É inegável o magnetismo da combinação Jackman-Ferguson. A química entre os atores torna o casal interpretado por eles simpático aos olhos do público em um primeiro momento. O que estraga a comoção é o tom “roedeira” adotado no restante do tempo. A melancólica e obstinada caçada de Bannister pela ex que o abandonou, assim como as inúmeras frases feitas que embalam suas lembranças de amor, tornam o filme uma verdadeira ode à “dor de cotovelo”.

A ênfase maior da abordagem de Lisa Joy está nas questões emocionais que a história suscita. Há uma clara mensagem sobre a importância de superar o passado e viver o presente intensamente, quase como numa música composta por Marília Mendonça. A abordagem, no entanto, acaba derrapando nos mesmos clichês hollywoodianos. Um alento é o visual muito bem construído, com uma fotografia de encher os olhos e figurinos que casam muito bem com a ideia de um mundo onde a nostalgia se tornou um vício. 

Via Folha de Pernambuco

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