Após obrigar homem negro a se despir, Assaí pode perder licença

A Secretaria da Justiça e Cidadania de SP deve mediar uma audiência de conciliação entre rede Assaí Atacadista e o ajudante geral Luiz Carlos da Silva, homem negro que foi obrigado a se despir para provar que não tinha roubado nada.

Na semana passada, Luiz Carlos foi a uma loja da rede em Limeira (SP) para pesquisar o preço de alguns produtos, para depois retornar e comprar, mas, ao sair da loja foi cercado pelos seguranças que suspeitavam que ele tinha roubado alguma coisa, para provar o contrário, ele teve que tirar a sua roupa na frente de todas as pessoas que estavam presentes na loja.

O estado de São Paulo possui uma lei estadual que permite a punição administrativa por racismo, mas também para atos homofóbicos e machistas.

Por conta do episódio racista em Limeira, a rede Assaí pode receber uma advertência, pagar uma multa que pode chegar a R$ 870 mil e perder a sua licença de funcionamento estadual.

A secretaria de Justiça de São Paulo já entrou em contato com a defesa de Luiz Carlos da Silva para combinar uma data para realizar a audiência de mediação que será presidida pelo Tribunal de Justiça.

O caso

Luiz Carlos, um homem negro de 56 anos foi humilhado em um mercado na região de central de Limeira (SP). Acusado pelos seguranças do estabelecimento de ter furtado, ele foi obrigado a tirar a sua roupa para provar o contrário.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, ele foi abordado por dois seguranças quando saía do Assaí Atacadista. O homem teve que tirar parte de sua roupa na frente de outros clientes que estavam no local para provar que não tinha roubado.

Segundo a vítima, ela entrou no mercado para verificar o preço de alguns produtos e iria retornar mais tarde.

“Eu tirei a camisa e como não tinha nada, os seguranças ficaram se olhando, como se eu tivesse algo na calça, aí eu acabei abaixando a calça”, relatou o homem.

Outras denúncias

Essa não é a primeira vez que a rede Assaí e denunciada por racismo.

Por meio de suas redes sociais, Yagoh Jesus, homem negro que vive no Rio de Janeiro, postou um vídeo onde é possível observar que Ferreira e seus amigos são perseguidos por seguranças da rede atacadista Assaí.

Em determinado momento do vídeo, quando Yagoh Jesus e seus amigos já estão na fila do caixa para pagar as compras, eles chegam a ser cercados pelos seguranças.

É possível escutar alguns dos seguranças reclamarem da filmagem. Nas redes sociais da Assaí Atacadista não há qualquer menção ao caso.

Procurada pela reportagem da Fórum, a rede atacadista pediu desculpas à vítima e informou que abriu uma investigação interna.

Movimento negro ocupa mercado em que cliente foi acusado de furto e obrigado a tirar a roupa

Representantes de organizações do movimento negro fizeram um ato, na última quarta-feira (11), em uma unidade da rede atacadista Assaí em Limeira (SP), para denunciar o racismo do supermercado.

Na última semana, em um caso que ganhou projeção nacional, um homem negro foi acusado por seguranças da unidade de furto e obrigado a tirar a roupa para provar o contrário.

Humilhado, o homem foi amparado por outras pessoas que presenciaram a cena. Segundo relatos, a vítima chorava de vergonha. Após o ocorrido, ele registrou um Boletim de Ocorrência pelo crime de constrangimento ilegal.

Militantes do Movimento Raiz da Liberdade e do coletivo negro do MTST, então, encamparam a ação antirracista nesta quinta-feira no supermercado.

Via Revista Fórum

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