Alepe aprova apelo para vetar “ideologia de gênero” nas escolas

A Assembleia Legislativa (Alepe) aprovou um requerimento, de autoria do Pastor Cleiton Collins (PP), solicitando ao Ministério da Educação (MEC) que retire “expressões da Base Nacional Curricular Comum que contenham relação com a ideologia de gênero”. O pedido é endereçado ao ministro pernambucano Mendonça Filho (DEM) e foi motivo de polêmica na semana passada. Nesta terça, um grupo chegou a criticar os cinco deputados que votaram contra o apelo, tachando os parlamentares de “comunistas” e “ateus”.

O autor do apelo destacou que o requerimento materializa o clamor de uma parcela da sociedade, que não é necessariamente evangélica, mas que defende a família tradicional e o direito dos pais de educar os filhos sobre sexualidade. Collins apresentou a repórteres trechos da BNCC que mencionavam as palavras “corpo”, “gênero” e “sexualidade”, atestando que essas expressões abriam o leque para que professores “se envolvessem na questão sexual das crianças”.

Collins ressalta que não é uma questão religiosa, mas de interesse da família. “ Não sou eu que estou dizendo isso. Temos mais de 1,5 milhão de petições, de famílias que não aceitam a ideologia de gênero nas escolas, na grade curricular. A rejeição a esse tema é uma questão generalizada, porque tira a força dos pais de participar da educação dos filhos. Tudo que estiver na cartilha vai ter que ser ensinado, o MEC vem sempre empurrando essas coisas”, relata o parlamentar.

Entre os 37 presentes, os deputados que se posicionaram contra foram Priscila Krause (DEM), Teresa Leitão (PT), Edilson Silva (PSOL), Laura Gomes (PSB) e Silvio Costa Filho (PRB). Ligada ao segmento da educação, Teresa Leitão considerou o apelo como “impróprio”, pois colocaria os deputados como “desinformados” ou “incapazes de ler um texto” perante o MEC. “No meu entendimento, não existe ideologia de gênero. Existe um movimento contrário a se explicitar a diversidade sexual na escola, algo que existe na sociedade”, se posiciona Teresa.

Tanto Teresa quanto Priscila Krause alegam que os parlamentares descontextualizaram as menções a corpo e gênero na BNCC. O documento, segundo elas, se refere a desmistificar estigmas de gênero em matérias específicas, como Educação Física, onde antes “esportes de força” só poderiam ser praticados por homens e, agora, a diretriz reforça que ambos os gêneros podem praticar o exercício. “Temos alunos que sofrem bullying por conta de sua orientação sexual. Esses alunos devem sofrer preconceito? Ele não tem o direito de ser respeitado na escola?”, indaga a petista.

Priscila Krause defendeu o aprofundamento da questão, já que, no seu entendimento, não há menção a ideologia de gênero, mas a problematização do gênero em matérias específicas. “Nós somos uma Casa que procuramos buscar consensos, mas dessa vez não foi possível, por isso nos posicionamos. Como é uma questão delicada, a tendência é uma postura menos ousada”, explica a democrata.

Via Folha PE

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