A morte anunciada do Rio Pajeú no Sertão Pernambucano
Se o cantor nordestino Luiz Gonzaga estivesse vivo hoje, talvez uma das suas músicas mais famosas não existisse. O Riacho do Navio está seco e o peixe da canção não teria como nadar. Foi refletindo sobre isso que o Blog do Elvis percorreu alguns trechos de riachos e o Rio Pajeú no município de Floresta, no Sertão de Pernambuco. A cena é desoladora.

Travessia do Rio Pajeú pode ser feita hoje sem molhar os pés. Foto: Blog do Elvis/NE10
O rio que antes banhava o município agora está completamente seco. A pouca água que ainda insiste em passar por alguns trechos é muitas vezes resultado do despejo de esgoto sem tratamento. A algaroba é a única espécie de árvore que domina o leito assoreado do rio que agoniza há anos por uma providência do governo.

Algaroba é uma das poucas árvores que têm resistido à seca, apesar de prejudicar outras espécies da caatinga. Foto: Blog do Elvis/NE10
A seca tem trazido efeitos drásticos na paisagem do Sertão Nordestino. Há anos não cai chuva suficiente para encher os reservatórios e açudes. A barragem de Serrinha, no município de Serra Talhada, é um bom exemplo da situação crítica que vive hoje o sertanejo. Além de estar praticamente no volume morto, uma toxina na água está inviabilizando o consumo por humanos.
O vaqueiro Bruno Nascimento, 22 anos, lamenta a situação que se encontra o rio Pajeú, na zona rural do município de Floresta. “Ver um rio desse jeito é triste demais. Quando tinha água era muito bom. Tinha fartura e podíamos plantar roça, mas agora não dá”, comenta o jovem.

Assoreamento do rio Pajeú é “areia que vem sendo jogada para debaixo do tapete” há anos. Foto: Blog do Elvis/NE10
A água que sai das comportas da barragem de Serrinha é que alimenta o Rio Pajeú. Devido a previsão de estiagem nos próximos meses, a liberação do líquido não está sendo feita. Quem sofre com isso também são os pequenos agricultores que acabam ficando sem água para produzir.

O deputado federal Kaio Maniçoba (PHS) e o estadual Rodrigo Novaes (PSD) discursaram em Brasília e no Recife nesta quarta-feira (16) cobrando providências.
Relembre a música Riacho do Navio, de Luiz Gonzaga:
Riacho do Navio
Corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar
No São Francisco
O rio São Francisco
Vai bater no “mei” do mar
O rio São Francisco
Vai bater no “mei” do mar
Ah! se eu fosse um peixe
Ao contrário do rio
Nadava contra as águas
E nesse desafio
Saía lá do mar pro
Riacho do Navio
Eu ia direitinho pro
Riacho do Navio
Pra ver o meu brejinho
Fazer umas caçada
Ver as “pegá” de boi
Andar nas vaquejada
Dormir ao som do chocalho
E acordar com a passarada
Sem rádio e nem notícia
Das terra civilizada
Sem rádio e nem notícia
Das Terra civilizada.
POLÊMICA – Mas, o que se pode fazer em um caso como esse? A seca pegou de surpresa o poder executivo? Não poderíamos ter evitado isso com ações preventivas? E a transposição do Rio São Francisco que não sai do papel? Até quando vamos continuar assim?
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