A farsa da Independência

Por Libânio Neto
Nesse 7 de setembro, não temos nada a comemorar, pois a data que se propaga oficialmente pelos setores dominantes e governamentais de nosso país, não passou de uma farsa, como tantas outras contadas com o intuito de omitir a verdade, e construir uma falsa história, que privilegia (como sempre) os poderosos.

Se em outros tempos não havia lá muitos motivos para tal comemoração, nos dias de hoje é que não há razões mínimas sequer, de sair às ruas e fazer alguma referência a chamada ‘independência”.

Não pode ser chamado de independente um país mergulhado num mar de corrupções, refém de um golpe espúrio, de poderes arcaicos e vendidos, de “líderes” inescrupulosos, de mafiosos que chefiam o maior saque nas contas públicas, jamais visto na história.

Não pode ser chamado de independente um país que tem governantes descarados, reacionários e retrógrados, que buscam tirar direitos trabalhistas e sociais, duramente conquistados às custas de muitas lutas e sangue derramado por parte dos trabalhadores e dos que historicamente foram (e são) explorados e oprimidos.

Não pode ser chamado de independente um país que tem uma elite de poder, dedicada a entregar nossos maiores patrimônios e riquezas, nas mãos do capital internacional e, que fica de joelhos diante dos Estados Unidos e de outras potências estrangeiras.

Não pode ser chamado de independente um país que vira às costas ao seu povo, provocando imensas ondas de desempregados e de pessoas vivendo em situação de abandono e exclusão social.

Não pode ser chamado de independente um país que alimenta o racismo, os preconceitos e as intolerâncias dos quais são vítimas os negros, os índios, as mulheres, os jovens e, vários outros seguimentos sociais.

Não pode ser chamado de independente um país que patrocina a violência institucional e que favorece o extermínio de negros, índios, jovens, mulheres, homossexuais, entre outros.

Não pode ser chamado de independente um país onde a justiça fecha os olhos para os direitos dos mais pobres, dos marginalizados e excluídos, enquanto senta no colo dos ricos e poderosos, e lhes proporciona afagos e benefícios.

Não poder ser chamado de independente um país em que os grandes meios de comunicação utilizam-se de práticas fascistas para produzir a alienação e a imbecilização de um povo, com o claro intuito de mantê-los inconscientes e manipulados.

Por essas e tantas outras razões, não vejo motivos para “comemorar” essa farsa chamada de “independência”.

Conheça a verdadeira história da “independência do Brasil”: 

Historicamente foi ensinado nas escolas que o 7 de setembro é a data que se refere a “Independência do Brasil”, onde coloca D. Pedro I (às margens do Ipiranga, montado em um cavalo alazão) no papel de herói, que com um ato de “bravura” tornou o país independente em relação à Portugal.

Na verdade os fatos não foram bem assim…

Dom Pedro I montava na verdade uma mula e só deu o grito de independência porque estava de “saco cheio” das pressões que o pai fazia para que ele voltasse para Portugal. Ao contrário do que muitos pensam o processo de independência custou muito caro para Brasil, foi preciso pagar uma multa altíssima a Portugal.
A coisa toda parece não ter sido tão heroica como é contado na maioria dos livros mas como diz o ditado “uma mentira contada várias vezes e por várias pessoas acaba se tornando verdade”.
A Independência do Brasil significou que o Brasil deixou de ser uma colônia portuguesa, tornando um Estado Nacional.
O dia oficial da independência foi 07/09/1822, mas essa independência foi um processo que ocorreu na estrutura da sociedade e se deu pelos interesses dos latifundiários, da burguesia inglesa e da classe média.
Napoleão Bonaparte
O regente de Portugal era o príncipe D. João. Napoleão Bonaparte da França tinha decretado o Bloqueio Continental, proibindo as nações européias de comerciar com a Inglaterra. Mas D. João continuou tendo relações comerciais com os ingleses. Por isso, Napoleão invadiu Portugal.
Assim, a família real e 15mil nobres portugueses fugiram para o Brasil, apoiados pela esquadra inglesa em 1808.
Esse apoio inglês teria algo em troca. Por isso D. João decretou a ABERTURA DOS PORTOS AS NAÇÕES AMIGAS, autorizando a Inglaterra a comerciar com o Brasil. – Era a queda do Pacto Colonial. Aqui começa o processo de independência política, pois já havia sido iniciado na economia.
Tratados de 1810
D. João assinou com a Inglaterra os TRATADOS DE 1810, acertando que, os produtos importados ingleses teriam uma taxa alfandegária de 15%. Outros países pagariam 24% e importações de Portugal 16%.
Inglaterra passava a ter mais vantagens que Portugal.
D. João permitiu manufaturas no Brasil, mas elas não cresceram devido à concorrência com produtos ingleses.
Reino Unido
Em 1815 Napoleão estava derrotado, mas D. João não voltou para Portugal e ainda decretou que a colônia passava a ser REINO UNIDO A PORTUGAL E ALGARVES. A capital do novo reino não era o Porto nem Lisboa e sim o Rio de Janeiro. O Brasil deixava de ser uma colônia oficialmente e passava a ser uma quase metrópole e Portugal era praticamente ajustada a condição de colônia.
Revolução Pernambucana (1817)
O nordeste pagava altos impostos e o comércio estava nas mãos de comerciantes portugueses, mal vistos pelos brasileiros.
A maçonaria divulgava idéias liberais e revolucionárias de forma subversiva.
Diante das idéias revolucionárias, o governador ordenou prisões, mas um capitão reagiu e matou seu comandante. Por isso, um coronel foi enviado para prendê-lo, mas soldados não aceitaram essa prisão e executaram o coronel.
As ruas foram tomadas pela multidão e os comerciantes portugueses tiveram que fugir.
Por 10 semanas Pernambuco foi um país independente do Brasil. Inclusive trocaram o pão e o vinho português por mandioca e cachaça. D. João VI, já como rei, enviou tropas a Pernambuco e derrotou os rebeldes. Muitos foram enforcados e chicoteados em praça pública.
Revolução Liberal do Porto (1820)
Revolução do Porto eclodiu em Portugal. A burguesia estava no poder e não aceitaram a liberdade econômica do Brasil. Queriam também a volta do rei D. João VI ou separariam do Brasil.
Os portugueses queriam que o Brasil voltasse a ser uma colônia de exploração.
Para não perder o posto de rei, D. João VI voltou a Portugal, deixando seu filho D. Pedro como príncipe regente.
Partidos Políticos
A situação política no Brasil ficou tensa, pois não queriam que o Brasil voltasse a ser uma colônia portuguesa.
Surgiram 2 partidos políticos no Brasil: o Partido Português e o Partido Brasileiro. O Partido Português queria a recolonização do Brasil. Era formado por militares, altos funcionários públicos e antigos comerciantes que eram beneficiados pela administração portuguesa.
O Partido Brasileiro queria a independência do Brasil. Era formado por fazendeiros, comerciantes que desejavam comerciar com a Inglaterra e a classe média.
Mas entre o Partido Brasileiro havia os que queriam um país liberal e os que queriam um país com escravidão.
Independência
Os latifundiários do Partido Brasileiro queriam a independência, mas temiam que essa fosse feita pelas armas e revolta popular, pois D. Pedro tinha seu exército. É bom salientar que, em todos os processos de independência na América houve luta armada.
Por isso aproximaram de D. Pedro, para que ele fizesse a independência sem a participação popular. Em troca, ele não seria retirado do poder e se tornaria imperador do Brasil.
Sabendo da situação, D. João VI ordenou a volta de D. Pedro a Portugal.
O Partido Brasileiro reagiu e conseguiu 8 mil assinaturas pedindo que D. Pedro ficasse. Esse episódio ficou conhecido como o DIA DO FICO e D. Pedro concordou aceitando a proposta.
Tropas foram enviadas de Portugal, mas logo desistiram de rebelar contra o Brasil.
Em 1822 D. Pedro anunciou eleições para uma Assembléia Constituinte, que formaria a constituição do Brasil.
No mesmo ano ele proclamou a independência e se tornou D. Pedro I.
Na realidade foi feito um acordo para essa independência, sendo que o Brasil teve que pagar dois milhões de libras esterlinas como indenização para Portugal e seu filho foi coroado D. Pedro I, o primeiro governante do novo Estado Nacional chamado Brasil, única monarquia das Américas.
Curiosidade: o Brasil não tinha dinheiro para pagar essa indenização. A Inglaterra pagou a quantia acordada com Portugal e o Brasil nasce com uma dívida com a Inglaterra. Isso fará o Brasil ter sérios problemas em sua economia devido o imperialismo britânico.

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