Fernando Haddad e Jair Bolsonaro falam ao vivo no Jornal Nacional; Veja o vídeo

Candidatos do PT e do PSL, respectivamente, vão disputar o 2º turno das eleições presidenciais.

William Bonner: Na semana passada, uma pesquisa do Instituto Datafolha constatou que a imensa maioria dos brasileiros tem apreço pela democracia: 69% dos eleitores consideram o regime democrático a melhor forma de governo. É um recorde desde 1989, quando essa pesquisa começou a ser feita. Nesta segunda-feira (8), em que os eleitores brasileiros já sabem quem serão os candidatos a disputar a Presidência da República em segundo turno, tanto Jair Bolsonaro quanto Fernando Haddad aceitaram o convite do Jornal Nacional para se pronunciar sobre controvérsias que surgiram durante as campanhas eleitorais dos dois, e que envolvem exatamente o futuro da democracia brasileira.

Renata Vasconcellos: Os dois candidatos concordaram que a ordem em que falariam seria sorteada aqui, e é o que nós vamos fazer agora. Vamos, então, sortear… Vou misturar bem aqui os dois papéis… O primeiro a falar é Fernando Haddad. O segundo que vai falar, está aqui, o segundo papel, Jair Bolsonaro.

FERNANDO HADDAD

Renata Vasconcellos: Candidato Haddad, boa noite, parabéns pela chegada ao segundo turno em segundo lugar. Antes de mais nada, nós gostaríamos que o senhor aproveitasse esse momento para uma saudação aos eleitores numa mensagem de dois minutos. A gente vai ter uma tolerância de 15 segundos.

William Bonner: Agora então é a vez do candidato Jair Bolsonaro, pelo nosso sorteiro. Candidato Bolsonaro, boa noite, parabéns pela chegada ao segundo turno em primeiro lugar. O senhor, por favor, também pode começar com a sua mensagem de dois minutos para os eleitores e, claro, os mesmo 15 segundos de tolerância, por favor.

Jair Bolsonaro: Boa noite, Bonner. Boa noite, Renata. Boa noite, brasileiros. Primeiro, meu muito obrigado aos quase 50 milhões de pessoas que acreditaram em mim no último domingo. O nosso compromisso, a nossa plataforma, a nossa bandeira, baseia-se em João 8:32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Meu muito obrigado as lideranças evangélicas, ao homem do campo, quer seja do agronegócio, quer seja da agricultura familiar, obrigado caminhoneiros, obrigado policiais civis e militares, integrantes das Forças Armadas, obrigado família brasileira, que tanto clama para que seus valores sejam respeitados e, mais ainda, que a inocência da criança em sala de aula esteja acima de tudo. Então, meu muito obrigado, em especial, a região Nordeste que, apesar de eu ter perdido lá, nunca alguém que fez oposição do PT teve uma votação tão expressiva como eu tive. Obviamente, não tive mais por fake news, mentiras. Nós não pretendemos acabar com o Bolsa Família, muito pelo contrário, devemos combater as fraudes para que aqueles que realmente precisam possam ter um dinheiro um pouco maior. Homens e mulheres do Bolsa Família, fiquem tranquilos. Não pretendemos criar ou aumentar o Imposto de Renda, a cobrança de Imposto de Renda. Mentira. A proposta do nosso economista Paulo Guedes é quem ganha até cinco mínimos não descontará Imposto de Renda. E, acima disso, uma tabela de 20% para todos. Não pretendemos recriar a CPMF. Eu fui um dos que votou contra a CPMF no passado. Queremos um Brasil aberto ao negócio com o mundo todo, fazer parceria com o mundo todo. Jogar pesado na questão da insegurança pública. Fazer com que as mulheres se sintam protegidas no Brasil. Dessa forma é que nós pretendemos governar o país e dessa forma nós pretendemos construir o futuro da nossa pátria maravilhosa.

William Bonner: Candidato, no mês passado, durante uma palestra, o seu vice, o general Hamilton Mourão, disse que a Constituição brasileira de 1988 foi um erro. A chamada Constituição Cidadã, como a Renata acabou de dizer há pouco, que é aquela que garante a nossa democracia e que completou recentemente só 30 anos. O general Mourão disse que a elaboração de uma Constituição nova, eu vou abrir aspas para as palavras dele, a elaboração de uma Constituição nova “não precisa ser feita por eleitos pelo povo”. Isso poderia ser feito por um conselho de notáveis, nas palavras usadas pelo seu vice, e apenas referendada, depois, pelos eleitores. De novo, nós temos que dizer, juristas dizem que a nossa Constituição não permite a convocação de uma Constituinte, não há uma previsão para isso. Existe uma previsão de reforma por emenda constitucional, que precisa de aprovação de 3/5 dos deputados e dos senadores. E essas emendas, o senhor sabe, não podem mudar, as chamadas cláusulas pétreas – essas não podem ser alteradas de jeito nenhum, como a Renata também já disse aqui. Bom, também em setembro, numa entrevista à Globonews, o general Mourão admitiu a possibilidade de o presidente da República perpetrar o chamado autogolpe. O que o senhor diria aos seus críticos que se preocupam com a democracia brasileira no caso de o senhor se eleger presidente?

Jair Bolsonaro: Ele é general, eu sou o capitão. Mas eu sou o presidente. O desautorizei nesses dois momentos. Ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite. Jamais eu posso admitir uma nova Constituinte até por falta de poderes para tal. E a questão de autogolpe? Não sei, não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento. Mas isso não existe. Se estamos disputando as eleições é porque nós acreditamos no voto popular. E seremos escravos da nossa Constituição. Repito: o presidente será o senhor Jair Bolsonaro. Quem nos auxiliará, sim, o general Augusto Mourão. E ele… Hamilton Mourão. E ele sabe muito bem da responsabilidade que tem por ocasião da sua escolha para ser vice. Nós queremos demonstrar com isso que precisamos, sim, ter um governo com autoridade e sem autoritarismo. Por isso, nos submetemos ao sufrágio popular. E tenho certeza que uma vez eleito, o que falta um pouco ainda ao general Mourão é um pouco de tato, um pouco de vivência com a política. E ele rapidamente se adequará à realidade brasileira e à função tão importante que é a dele. General Augusto Mourão, agradeço a sua participação, mas nesses dois momentos ele foi infeliz. Deu uma canelada. Mas repito: o presidente jamais autorizaria qualquer coisa nesse sentido.

William Bonner: Candidato, o senhor ainda teria 30 segundos para complementar a sua resposta. O senhor abre mão deles?

Jair Bolsonaro: Eu posso… Não. Eu posso complementar. Quando você fala em Constituição, uma Constituinte, não podemos admitir isso. Até porque não teríamos autoridade para tal. Vamos manter e sermos escravos da nossa Constituição. Algumas propostas pontuais, sim, poderemos propor. Como, por exemplo, a redução da nossa maioridade penal, que o povo quer e deseja.

William Bonner: Candidato, então, agora, o senhor tem mais 30 segundos para se despedir dos eleitores.

Jair Bolsonaro: Vamos pacificar e unir o povo brasileiro. Sob a bandeira verde e amarela, sob o nosso hino nacional, juntando todos que foi dividido no passado pela esquerda. Dessa forma, podemos mais que sonhar. Temos a certeza que faremos um Brasil diferente do que foi feito até o momento. Não aceitaremos o “toma-lá da-cá” e nem imposição partidária para escolher o nosso time de ministros. Será um time, aí sim, de notáveis, competentes, e com autoridade para buscar o que é melhor para o Brasil e não para agremiações político-partidárias.

William Bonner: Candidato Jair Bolsonaro, muito obrigado também ao senhor pela participação no Jornal Nacional.

Via G1

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