Caso Beatriz – Parentes e amigos fazem protesto em Recife, PE

Parentes e amigos da família de Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, morta em dezembro do ano passado durante uma festa na escola onde estudava em Petrolina, no Sertão, realizaram um  protesto no Recife, nesta terça-feira (19). Segundo a organização, 46 pessoas se reuniram na frente do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no bairro de Santo Antônio, Centro da capital, e depois saíram em passeata pelas ruas da cidade.

Os manifestantes chegaram ao palácio por volta das 10h. Duas horas depois, decidiram deixar a frente da sede do governo e passaram a caminhar pela Ponte Procesa Isabel, nas proximidades do palácio. A pista não foi bloqueada.

Eles levaram muitas faixas e cartazes, muitos deles com a foto da menina. Eles seguiram até a Avenida Guararapes e passaram a fazer um buzinaço. Batedores e agentes de trânsito foram para o local.

Em seguida, os manifestantes entraram na Avenida Conde da Boa Vista. Ocuparam parte da via, um dos principais corredores de ônibus da cidade. O trânsito complicou na área. O grupo também percorreu parte da Rua da Aurora. Depois da passeata, os parentes da garota voltaram para a frente do palácio do governo, onde o ato começou. A caminhada durou quase duas horas.

Como o perímetro de segurança no entorno do Palácio das Princesas foi ampliado, os manifestantes não puderam ficar na frente dos portões principais. Por isso, decidiram sentar no asfalto da Ponte Princesa Isabel, ao lado da sede do governo, parando o tráfego. Revoltados, exigem falar com o governador.

Por volta das 13h30, os manifestantes deixaram a ponte e o trânsito foi liberado. Os parentes e amigos de Beatriz passaram a ocupar uma área nas proximidades do Teatro de Santa Isabel, bem perto do palácio. Eles tentaram se abrigar da chuva que começou a cair na região central do Recife.

Exigências
O grupo pede agilidade nas investigações, que começaram há sete meses até agora não identificaram nenhum suspeito. Eles também reivindicam mais investimentos na segurança pública do estado e querem uma reunião com o governador Paulo Câmara, que não está no local.

A assessoria de comunicação do governo informou que os manifestantes serão recebidos pelo secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, pelo secretário da Casa Civil, Marcelo Canuto, e pelo chefe da Polícia Civil, Antônio Barros.

A administradora do grupo e amiga da família, Denilíria Amorim Cavalcante, disse que trouxe um abaixo-assinado com quase 20 mil assinaturas. “Só vamos entregar nas mãos do governador. Não quero desmerecer o trabalho dos secretários, mas nosso objetivo é falar com o governador”, afirmou.

A madrinha de Beatriz, Michelle Chaves, reforçou o pedido para que o caso passe a ser investigado pela Polícia Civil da Bahia. “Eles têm equipamentos que podem ajudar. Por quê? O que é que está faltando? Dinheiro? Não. Vontade? Invista, governador, o nosso dinheiro. Já estamos formalizando (a solicitação)”, declarou.

Os manifestantes saíram de Petrolina e Juazeiro (BA) por volta das 22h de segunda-feira (18) e chegaram à capital às 10h desta terça, totalizando 12 horas de viagem de ônibus. “Nós temos sede de justiça. Nós não queremos conviver com a pessoa que fez isso. Nós não queremos que ela viva no meio da sociedade e que faça isso de novo”, ressaltou Denilíria. Ela disse que os pais da menina estão dentro do ônibus. Eles não estavam se sentiram bem durante a viagem.

Crime
Beatriz saiu de perto da mãe, Lúcia Mota, por volta das 22h08, quando pediu para ir até o bebedouro, localizado na parte inferior da arquibancada e não retornou mais. O corpo da menina foi encontrado por volta das 22h50, em uma sala de material esportivo que estava desativada, devido a um incêndio que ocorreu em outubro de 2015.

Local de execução do crime
Em abril, o perito chefe do Grupo Especializado em Perícias de Homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP), Gilmário Lima garantiu que Beatriz não foi morta na sala onde foi encontrada. Na época, a polícia ainda não tinha encontrado indícios que levassem até a área onde a criança foi esfaqueada.

Segundo informações da polícia, o colégio possui uma área de 20 mil metros quadrados, mas o crime deve ter ocorrido próximo à quadra, em uma área de 2.350 metros quadrados. Na região trabalhada como zonas prováveis para execução da criança, não há monitoramento por câmeras de segurança e o acesso poderia ter sido feito pelos portões que tiveram as três chaves desaparecidas 10 dias antes do crime.

Suspeitos
A polícia trabalha com a possibilidade de que mais de uma pessoa tenha assassinado a criança. Até o momento, as investigações apontam que pelo menos cinco pessoas tenham envolvimento na morte de Beatriz. Sendo quatro homens e uma mulher.

Um dos homens aparece nas imagens da cobertura oficial do evento, visivelmente nervoso, perto do horário do crime. Outro negou ter estado dentro da quadra, mas imagens da festa mostram o contrário.

O terceiro suspeito pediu para não trabalhar dentro da quadra no dia da formatura e disse à polícia que não esteve em momento algum no local, mas testemunhas o viram na festa. O quinto suspeito, um vigilante, foi visto entrando em uma sala vazia, onde ficou cerca de 1h40, quando deveria estar em outro setor.

Em março, o colégio noticiou que todos os funcionários declarados como suspeitos pela polícia foram demitidos da escola.

Novo vídeo
Um novo vídeo do dia da festa, enviado por um dos participantes da solenidade e que não quis se identificar, ajudou a polícia a sanar algumas dúvidas. De acordo com o delegado, o vídeo mostra a hora exata em que Beatriz desce para o bebedouro, local onde foi abordada. Segundo informações da polícia, o material tem cerca de 12 minutos.

Escola
Além das queixas em relação a demora das investigações, os pais da menina, Sandro Romilton e Lúcia Mota, afirmam que nunca tiveram o apoio da escola. Sandro diz que no dia do crime, quando encontraram o corpo de Beatriz, os diretores e coordenadores do colégio se reuniram e em seguida deixaram o colégio sem falar com ninguém.

Alvará de funcionamento
A mãe de Beatriz destaca ainda que o colégio não tinha autorização para realizar uma festa daquele porte, com cerca de 3 mil pessoas e que a Polícia Militar não foi informada sobre o evento. Segundo Lúcia, a festa era pública, pois não havia senha para entrar, não existia controle de acesso.

Em nota, o colégio Nossa Senhora Auxiliadora disse que no caso da Aula da saudade, festa que acontecia durante o crime, é dispensada a presença da Polícia Militar (PM) ou órgãos de segurança pública. Segundo o colégio, isso deixaria descobertos outros locais mais carentes da presença da PM, o que poderia ser caracterizado como desvio de finalidade do serviço da polícia.

Fonte: G1 Pernambuco

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